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João Paulo classifica como crime intolerável ação de manifestantes

Em pronunciamento antes da abertura da sessão no plenário, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), classificou como um "crime intolerável e antidemocrático" a ação de alguns manifestantes que, nesta quarta, dia 6, quebraram vidraças do Congresso durante a marcha, em Brasília, contra a reforma da Previdência.

João Paulo disse que o ato foi praticado por um grupo de servidores desgarrados da marcha contra a reforma da Previdência.

– Esse poder não se calou diante das baionetas nem das ditaduras, e sempre buscou a democracia e a garantia da liberdade. Esse poder não se calará ante minorias, muitas vezes histéricas e descontroladas, que nos jogam pedras à guisa de sensatez e de argumentos –  disse.

João Paulo ressaltou que a segurança da Câmara e a Polícia Militar, chamada por ele, se comportaram muito bem e que  Adriano Gomes, de 23 anos, servidor dos Correios de São Paulo que quebrou as vidraças do Congresso, será responsabilizado criminalmente pelo ato.

O presidente da Câmara ainda conclamou os deputados a responderem aos protestos violentos comparecendo às votações e trabalhando normalmente.

Íntegra da nota divulgada pelo presidente da Câmara:

"Senhoras e senhores deputados,

Antes de iniciar a Ordem do Dia, quero me pronunciar oficial e definitivamente sobre os incidentes ocorridos no início desta tarde aqui na Câmara.

Alguns manifestantes, desgarrados e fora do controle da organização da marcha que legitimamente se manifesta contra a reforma da Previdência Pública, tentaram invadir e violar a Câmara dos Deputados. Isso é um crime, é intolerável e é antidemocrático.

Garantir o direito de livre manifestação é um dos compromissos que regem a minha vida pública. É assim que devem funcionar as democracias. É assim que as grandes Nações, que prezam pela conservação do Estado de Direito, funcionam. Eu serei, sempre, um guardião desse democrático direito, desde que as manifestações não interditem a República. Desde que as manifestações não cerceiem a nossa democracia tão duramente arrancada da escuridão do autoritarismo.

A segurança desta Casa e a Polícia Militar, que foi chamada por mim para auxiliar na preservação do patrimônio de um dos poderes da República e para garantir que o debate político não seria interditado por ameaças. Comportaram-se muito bem. Um dos manifestantes que tentou invadir esta Casa foi detido pela segurança legislativa, foi atendido no serviço médico, fez exame de corpo de delito e contra ele foi lavrada uma ocorrência policial para apuração de responsabilidades. A tranqüilidade dos trabalhos legislativos está assegurada. A Polícia Militar seguirá auxiliando a Câmara na garantia da inviolabilidade deste Poder da República.

Nós somos os legítimos representantes da sociedade brasileira e fomos eleitos para representar o povo, para debater os problemas do país e decidir, pelo voto, os rumos que o Brasil trilhará em direção a um futuro melhor. Proponho, senhoras e senhores deputados, que esta Casa responda a essa tentativa de agressão e de invasão da Câmara funcionando normalmente, apreciando e votando as matérias sobre a Mesa. Proponho que respondamos a essa provocação com a manutenção do elevado quorum e do elevado espírito público que têm presidido os nossos debates. Somos deputados. Somos parlamentares. Não temos armas nem carregamos chantagens.

Esse poder não se calou diante das baionetas nem das ditaduras e sempre buscou a democracia e a garantia da liberdade. Esse poder não se calará ante minorias, muitas vezes histéricas e descontroladas, que nos jogam pedras à guisa de sensatez e de argumentos.

Vamos garantir o direito de manifestação. As opiniões contrárias. O debate político. A liberdade de falar. A liberdade de pensar. A liberdade de cada um de nós votar de acordo com as nossas convicções. Quero paz. Queremos paz e liberdade. Precisamos da serenidade para pacificar os nossos ânimos e para dirimir as nossas divergências com a arma que temos - uma arma democrática.

Nossa única arma é o poder outorgado pelo povo. Exercemos esse poder pelo voto, construindo maiorias - vamos a elas, democraticamente."

 
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