| 07/01/2008 17h19min
O ex-primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif fez nesta segunda-feira um novo gesto de aproximação com o Partido Popular do Paquistão (PPP), da ex-premier assassinada Benazir Bhutto, ao defender a formação de um governo de "coalizão nacional" após as eleições de 18 de fevereiro. Ele se reuniu em Lahore com a direção de sua legenda, a Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz (PML-N), para analisar o cenário político formado após o adiamento do pleito legislativo que ocorreria amanhã.
Em declarações feitas após a reunião, o ex-primeiro-ministro pediu a constituição de uma Comissão Eleitoral "independente", após questionar a neutralidade do atual governo interino, que qualificou de "continuação do regime" do presidente paquistanês, Pervez Musharraf. Após a morte de Benazir num atentado cometido no dia 27 de dezembro, ele se tornou o principal líder da oposição no país, cujo eleitorado segue mais lideranças que partidos.
Segundo uma fonte diplomática, os Estados Unidos também
teriam começado a se
aproximar de Sharif como aliado após a morte de Benazir. O ex-chefe de governo e seu irmão Shahbaz se reuniram na última sexta-feira com o cônsul americano em Lahore, Bryan Hunt, que teria informado que a embaixadora americana em Islamabad, Anne Patterson, queria encontrá-los nesta semana.
Benazir tinha retornado ao Paquistão em 18 de outubro de 2007, após os EUA terem feito mediação para obter um pacto de divisão de poderes com Musharraf, que, em troca, fechou os casos de corrupção que existiam contra ela. Já Sharif voltou ao país em novembro e adotou uma política de aproximação com sua antiga rival. O PPP, que agora é co-presidido pelo viúvo de Benazir, Asif Ali Zardari, está reformulando sua estratégia eleitoral e hoje deixou claro que sua direção ainda decidirá como será o relacionamento com a legenda governamental. Ele disse que tem "plena confiança" na investigação da morte de sua esposa, na qual a Scotland Yard está colaborando, mas pediu novamente a intervenção da Organização das
Nações
Unidas (ONU).
Líderes do PPP na província de Punjab se reuniram hoje com Hunt, que insistiu em que a rede terrorista Al-Qaeda seria responsável pela morte e ofereceu a "ajuda" americana na investigação, se necessário. Um dirigente da legenda em Karachi, Saeed Ghani, disse que Zardari "não substituirá totalmente Benazir", mas elogiou a "coragem" do viúvo, que "enfrentou" os casos de corrupção que pesam sobre ele permanecendo no Paquistão após a morte de sua esposa.
— Se as eleições forem limpas, o PPP conquistará dois terços das cadeiras — afirmou.
Enquanto os partidos formulam novas estratégias eleitorais, a violência prossegue na região tribal do Waziristão do Sul, onde pelo menos nove delegados dos comitês de paz que faziam a mediação entre o governo e os insurgentes das áreas tribais morreram baleados em seus escritórios. O comitê é formado por ulemás e representantes eleitos dos três clãs nos quais se divide a tribo Mehsud, à qual pertence o
dirigente talibã acusado de estar
envolvido na morte de Benazir.
Segundo uma fonte do Ministério do Interior citada pela emissora Dawn, o Executivo pretende lançar uma operação contra o líder talibã Mehsud, supostamente ligado à Al-Qaeda. No domingo, o exército também lançou uma ofensiva no vale do Swat, onde suspeita que esteja escondido o líder fundamentalista Fazlullah, outro dos acusados de ter participado do assassinato. No local montanhoso, dois civis e oito soldados ficaram feridos hoje quando um suicida detonou o explosivo que carregava diante de uma base militar.
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