| 16/09/2002 23h52min
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) desmentiu nesta segunda-feira, 16 de setembro, uma informação do jornal britânico The Times, ao dizer que o material nuclear exportado pelo Brasil ao Iraque durante os anos de 1979 a 1990 foi vendido antes das medidas restritivas impostas ao país árabe.
O The Times publicou matéria nesta segunda dizendo que o Iraque usa urânio contrabandeado do Brasil para fabricar armas nucleares. A reportagem foi feita baseada em informações do renomado cientista nuclear Khidir Hamza (um dissidente iraquiano). De acordo com Hamza, para fabricar a bomba atômica, o Iraque usaria – além do urânio contrabandeado do Brasil – centrífugas com tecnologia alemã pirateada.
O presidente do CNEN, José Mauro Esteves dos Santos, disse que não houve contrabando e que, apesar da grande quantidade de urânio vendido ao Iraque, isso não representa um volume significativo. Segundo ele, as toneladas geram poucas gramas de urânio industrial.
De acordo com o CNEN, o urânio exportado não era do tipo ''yellow cake'' (a primeira fase do urânio enriquecido), que depois de processado gera urânio enriquecido, que pode vir a ser utilizado na fabricação de armas nucleares.
"O material nuclear vendido pelo Brasil para o Iraque entre os anos de 1981 e 1982 foi o dióxido de urânio em pó, empregado como matéria-prima para combustível de reatores nucleares. Esse material - que não se trata do material conhecido como yellow cake - não foi contrabandeado. A forma química ou física do elemento não é a mesma utilizada para se fabricar armas nucleares (...) Para se produzir um artefato nuclear, o urânio precisa ser enriquecido, uma tecnologia complexa dominada apenas por um restrito grupo de países", explica a CNEN.
Segundo declarações de um porta-voz da polícia, "a Polícia Federal fez um acompanhamento permanente para o controle da urânio e não há nenhum registro de desvio de urânio sendo investigado".
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