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Três dos quatro principais candidatos à Presidência da República assumiram nesta segunda-feira, 19 de agosto, o compromisso de que o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) será respeitado. Mas cobraram ações imediatas do governo, nos encontros em que foram recebidos, em separado, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ciro Gomes (PPS), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anthony Garotinho (PSB) e José Serra (PSDB) conversaram à tarde com FH no Palácio do Planalto. A reunião mais demorada foi com Lula e durou uma hora e sete minutos. A mais rápida, com Garotinho, foi de 55 minutos.
As audiências foram sugeridas por FH, com o objetivo oficial de trocar informações sobre o último acordo com o FMI, que prevê a liberação de US$ 30 bilhões para o país. Mas a intenção era mais ambiciosa: obter dos candidatos o compromisso com as bases do acordo, para que FH consiga levar o governo até o final, e o mercado financeiro seja acalmado. O desfecho das reuniões foi previsível: todos, com exceção de Garotinho, concordaram que é preciso controlar as contas públicas – a grande exigência do FMI – e respeitar os contratos, ou seja, afastar a hipótese de um calote da dívida pública.
– Conversamos pensando no país – disse FH, em entrevista coletiva, depois das reuniões.
O presidente esclareceu que não pediu dos candidatos apoio explícito a todo o acordo, mas um compromisso com as bases da negociação com o FMI, em especial a que trata das contas públicas.
– Quem tem que dar apoio explítico sou eu, quem vai assinar sou eu, disse FH, Mas a reação de todos eles foi de compreensão.
O presidente recebeu os candidatos acompanhado dos ministros da Fazenda, Pedro Malan, e da Secretaria-geral da Presidência, Euclides Scalco, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Ciro Gomes, o primeiro a ser recebido, provocou notícias desencontradas, por conta da sua posição de claro confronto com o governo. Algumas agências chegaram a noticiar que ele teria se negado a apertar a mão de FH. Esclareceu-se depois que os dois se cumprimentaram formalmente e que os fotógrafos insistiram na repetição do gesto, para registrar a cena. A assessoria do Planalto informou que fotos com apertos de mãos não estavam previstas.
Ciro Gomes pediu ao presidente os documentos oficiais do que foi acertado pela equipe econômica com o FMI. Segundo FH, de qualquer forma o candidato se comprometeu com o objetivo de manter as contas públicas equilibradas e não desrespeitar contratos. O encontro durou uma hora e cinco minutos.
Lula, o segundo a ser recebido, pediu que FH "aja imediatamente" e apresentou um documento em que defende apoio às empresas exportadoras, refinanciamento às empresas endividadas em dólares e medidas que evitem a sangria de reservas em dólares do país:
– Não é possível esperar que o próximo presidente assuma (em 1 de janeiro de 2003), sob pena de que aumente a suspensão dos pagamentos das empresas brasileiras, o desemprego e a recessão – diz o documento.
A reunião com Garotinho teria sido a mais tensa. O ex-governador do Rio chegou ao Planalto apresentado-se como "único candidato da oposição". Saiu dizendo que não tirou proveito do encontro. Um documento ataca a "desastrosa" política econômica de FH e define o acordo com o FMI como uma "caixa preta negociada com meia dúzia de burocratas brasileiros".
– O Brasil precisa declarar sua segunda independência – diz a nota.
Na reunião de uma hora e cinco minutos com José Serra, FH ouviu a única manifestação de apoio irrestrito ao acordo com o FMI. O candidato governista saiu do encontro elogiando as bases do acerto:
– Este acordo é bastante positivo para o Brasil. Não implica em nenhum sacrifício adicional para a economia e aumenta a segurança econômica em relação ao nosso futuro.
Serra apresentou sua lista de pedidos. Solicitou que o governo estude uma forma de evitar que o aumento do dólar encareça ainda mais a farinha de trigo importada e o pão. E pediu apoio ao projeto que tramita no Congresso para acabar com a cobrança de impostos em cascata, a começar pelo Programa de Integração Social (PIS), o refinanciamento de dívidas tributárias de pequenas e médias empresas e o aumento de créditos para as exportações.
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