| 19/08/2002 14h26min
O presidenciável Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, assumiu uma postura cautelosa ao comentar o encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso nesta segunda, evitando atacar novamente o acordo do país com o FMI, mas aproveitou para voltar a criticar a atual política econômica.
Ciro reconheceu, em um pronunciamento a jornalistas, que o acordo era "inevitável" devido à gravidade da conjuntura econômica. Mas disse ter obtido de Fernando Henrique autorização para que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que estavam presentes ao encontro, encaminhem a ele a documentação completa do acerto com o Fundo Monetário Internacional.
– Na minha compreensão, parte dessa crise é responsabilidade do modelo econômico contra o qual me bato há sete anos e parte, resultado de incompreensões de setores do mercado internacional sobre as necessidades e potencialidades da economia brasileira, disse Ciro, no salão Leste da Presidência da República, sem abrir espaço para perguntas aos jornalistas.
Segundo o candidato da Frente Trabalhista, ele aproveitou o encontro para reafirmar a Fernando Henrique compromissos que já tem praticado como governador e prefeito. Ciro chegou acompanhado dos assessores Mauro Benevides Filho e Roberto Mangabeira Unger, que ficaram com ele durante o encontro. Na reunião, além de Malan e Fraga, participou também o secretário-geral da Presidência, Euclides Scalco.
Após a reunião com Fernando Henrique, Ciro tem almoço na embaixada da Alemanha, e depois tem encontros na Ordem dos Advogados do Brasil e no Supremo Tribunal Federal. Nesta noite reúne seus assessores para uma avaliação da conversa com o presidente.
Leia a declaração de Ciro Gomes após encontro com FH:
"Boa tarde a todos,Estive com o presidente Fernando Henrique Cardoso, obtive dele um relato sobre a natureza e a extensão da crise financeira que o país está vivendo, obtive mais informações do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, sobre os principais pontos do acordo que se está processando entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional, e gostaria de, sobre isso, sobre essa conversa, por agora, declarar o seguinte:
Compreendo que a crise é grave e a situação do país delicada. Na minha compreensão, parte dessa crise é responsabilidade de um modelo econômico contra o qual me bato há sete anos, parte resultado de incompreensões de setores do mercado internacional sobre as especificidades e potencialidades da economia brasileira.
Nessa circunstância, compreendo como inevitável a evolução desses entendimentos, não sem lamentar.
Afirmei ao presidente aquilo que já tem sido minha prática de vida de ex-ministro, ex-governador, ex-prefeito de uma capital. Compromisso que um possível governo meu praticará de austeridade fiscal, no limite em que a Lei de Diretrizes Orçamentárias já determinou para o ano que vem de 3,75% do PIB, estrito cumprimento e respeito aos contratos e compromisso definitivo com a estabilidade da moeda.
Sobre o acordo em si mesmo, eu pedi ao presidente que autorizasse o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, Pedro Malan e Armínio Fraga, a me repassarem os documentos oficiais. O presidente autorizou.
Esses documentos ainda estão em fase de conclusão, e tão logo concluídos, eu me comprometi em estudá-los com urgência e em detalhes para então expedir uma nota por escrito sobre a minha posição definitiva em relação ao acordo.
É o que eu tinha a declarar."
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