| 19/08/2002 17h19min
Último candidato a participar do encontro com o presidente Fernando Henrique nesta segunda-feira, 19 de agosto, José Serra (PSDB) saiu da reunião otimista. O tucano participou do encontro com o presidente do PSDB, José Aníbal, e com o presidente do PMDB, Michel Temer.
Ao sair, Serra elogiou o acordo firmado entre governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (MFI). Segundo ele, "o acordo foi bom e superou as expectativas". Ele disse que o pacto não implica em nenhum sacrifício adicional para a economia brasileira e aumenta a confiança externa no país.
Segundo o tucano, o acordo apresenta taxas de juros baixas - 5,27% ao ano - e prazos longos para o pagamento. Ele disse que o FMI colocará à disposição do governo brasileiro US$ 30 bilhões e que mais US$ 7 bilhões sairão dos Bancos Mundial (Bird) e Interamericano de Desenvolvimento(BID).
– Não esperava que o resultado fosse tão favorável – afirmou
Serra levou ao presidente quatro sugestões de medidas econômicas. A primeira delas é a necessidade de monitoramento por parte do governo dos preços de produtos essenciais ao consumo. Ele tambem defendeu um minirreforma tributária e a aprovação do projeto que tramita no Conmgresso Nacional que reduz a cumulatividade de impostos em cascata (do PIS e do Cofins).
O candidato do PSDB pediu também que a Receita Federal estenda o prazo de adesão das pequenas e médias empresas ao programa de Refinanciamento da Dívida Tributária. Por último, o tucano pediu maior agilidade e mobilização para a liberação imediata de linhas de crédito para exportação, e sugeriu como uma fonte de recursos as reservas internacionais do Banco Central.
O presidenciável elogiou a iniciativa de FH de chamar os principais candidatos para debater o atual cenário econômico.
Leia a íntegra do pronunciamento de José Serra:
"Bem, eu tomei conhecimento das linhas gerais do acordo que o governo federal está fazendo com o Fundo Monetário no sentido de um financiamento em dólares para este ano e o ano que vem para contornar a situação de tensão externa pela qual atravessa a economia brasileira.
Queria reiterar aqui que este acordo é bastante positivo para o Brasil por dois motivos. O primeiro, porque não implica nenhum sacrifício adicional para economia brasileira. Em segundo lugar, aumenta a segurança econômica com relação ao nosso futuro. É um acordo bem feito. Eu tenho defendido a possibilidade deste acordo muito antes mesmo dele ter sido concluído e, me parece, é muito positivo. Eu repito: não implica nenhum sacrifício adicional para economia.
E, por outro lado, permite aumentar a segurança econômica. A segurança econômica é fundamental para a manutenção do emprego e para que a gente possa - a partir desta situação de segurança- expandir a criação de oportunidades de trabalho, expandir o crescimento do emprego no Brasil.
Uma pré-condição para isto é ter mais segurança econômica. O acordo representa um financiamento substancial. São cerca de US$ 30 bilhões do Fundo Monetário e US$ 7 bilhões do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Portanto, são US$ 37 bilhões. Do total, cerca de US$ 8 bilhões serão entregues nesse ano, sendo que a outra parte - maior ainda - no ano que vem. Portanto, nós teremos no ano que vem em matéria de financiamento externo assegurado.
Portanto, o meu governo vai dispor de um financiamento no ano que vem a taxa de juros muito baixa, bastante conveniente para o Brasil, bastante conveniente para que a gente possa desenvolver a nossa estratégia de crescimento da produção e do emprego. A taxa de juros bastante baixa. Nós fizemos um cálculo que mostra que a média das taxas de juros desses financiamentos é da ordem de 5,27% . Ou seja, inferior a 5,3% ao ano, a taxa de juro média desse financiamento. A gente sabe que qualquer empréstimo em dólar hoje é o dobro desta taxa para cima.
Portanto, é um financiamento muito adequado. Por outro lado, dois terços desse financiamento tem um prazo de cinco anos como obrigação para ser pago. Portanto, é um financiamento bom nos prazos e bastante adequado no que se refere ao custo, a taxa de juro. Portanto, o Brasil, o governo, o Banco Central, o ministério da Fazenda conseguiram fazer um bom entendimento.
Eu diria, até, que supera as expectativas. Desde o primeiro momento, quando eu dei apoio à idéia de se conseguir um financiamento a custos baixos e prazos grandes junto ao Fundo Monetário e Banco Interamericano e Banco Mundial eu não esperava que o resultado fosse tão favorável em termos de volume de financiamento e em termos de não exigência de sacrifícios adicionais, uma vez que a meta de superávit primário, ou seja, a diferença entre receita e despesa que é dedicada ao pagamento de juros se manteve em relação aquela que o Congresso já aprovou, praticamente encaminhou na Lei de Diretrizes Orçamentária.
Ou seja, que a meta de superavit primário que o Fundo apresentou é a meta que o Brasil já adotou. Por isso é que eu digo que não há nenhum sacrifício adicional à economia brasileira. Creio que o governo trabalhou bem, o Banco Central trabalhou bem e Ministério da Fazenda trabalhou bem. E que o convite aos candidatos à presidência da República revelou da parte do presidente da República uma preocupação com o Brasil, por cima de interesses partidários ou de interesses eleitorais, pensando no Brasil. Eu creio que a hora é, realmente, de todos pensarem no Brasil. Acima de tudo na segurança econômica do Brasil."
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