| 19/08/2002 20h37min
O novo presidente da Varig, Arnim Lore, recebeu nesta segunda, 19 de agosto, o comando da empresa das maõs do ex-presidente Ozires Silva. O novo dirigente terá tarefa de abandonar o corporativismo da companhia e iniciar uma era de profissionalismo, salvando a empresa da falência.
– Com a atual estruturação financeira, a Varig não sobrevive, vamos tentar buscar o equilíbrio financeiro e tornar a empresa rentável – disse Lore a jornalistas na sua primeira entrevista no cargo, na sede da empresa no Rio de Janeiro.
Lore assume com menos dois diretores, que deixaram a empresa na semana passada, um de Recursos Humanos e outro Financeiro. Ele não indicou ainda os substitutos. Perguntado se haverá mais trocas na equipe, o novo comandante foi enfático e disse que, dependendo das necessidades, haverá substituições.
Com uma dívida em torno dos US$ 900 milhões e pressionada por credores, agora reunidos em um comitê liderado pelo Unibanco, a Varig chegou aos 75 anos de operação este ano acumulando sucessivos prejuízos e com patrimônio negativo, situação que, segundo Lore, determinaria a concordata de qualquer empresa no mundo. O comitê de credores inclui, além do Unibanco, General Electric Capital, Boeing, BR Distribuidora, Infraero, INSS, Banco do Brasil, entre outros.
O executivo gaúcho de 62 anos – que já passou pelo Unibanco, Banco Central, Petrobras, Aços Villares, pela própria Varig, e atualmente integrava a diretoria da Rio Sul – prometeu tornar a Varig lucrativa. E para isso, ele não descarta demissões, redução de aeronaves e cortes de rotas consideradas não lucrativas. Tudo isso, conforme Lore, para arrumar a casa e conseguir crédito de novos investidores.
Ele não quis prever datas para a capitalização, estimada anteriormente para outubro, mas admitiu que com sua entrada o processo de negociação com os credores será intensificado.
Lore também não quis comentar o afastamento da Fundação para facilitar o processo, o que seria uma exigência dos credores. Desde abril, a Varig negocia com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e credores uma capitalização para viabilizar a continuidade da sua operação, deficitária devido a sucessivas desvalorizações cambiais que afetam os custos em dólar da empresa.
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