| 02/02/2006 15h57min
Apesar de extensa, a lista com o número de países que adotaram restrições à importação de carne bovina brasileira em conseqüência da febre aftosa não assusta o governo. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os embargos não afetaram as vendas externas do produto, que voltaram a crescer em 2005.
Com as proibições anunciadas no início desta semana pela Tailândia e pelas Filipinas, o total de países da lista já chega a 56, cifra que, segundo o diretor Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio do Ministério, Ricardo Cotta Ferreira, não configura um quadro preocupante.
Em primeiro lugar, conforme explicou, porque desse total, quase a metade – 25 – refere-se aos países que compõem a União Européia; em segundo, porque os europeus não adotaram restrição total à carne brasileira, mas apenas às exportadas pelos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
Ainda de acordo com Ricardo Cotta, outro fator que contribuiu para que as exportações não fossem afetadas pelo surgimento dos focos de aftosa foi a existência de uma rede pulverizada de frigoríficos no país.
– A maior parte das empresas exportadoras habilitadas a exportar para o nosso principal mercado, que é a União Européia (UE), possui várias plantas em diferentes estados do Brasil. O que ocorreu foi que as companhias passaram a priorizar a exportação a partir de estados não atingidos pela doença e nos quais elas possuíam frigoríficos – explicou.
Assim, de acordo com Ricardo Cotta, esse desvio de exportação e o embargo apenas parcial da UE amenizaram o impacto nas exportações brasileiras, que inclusive cresceram 23% em 2005 em comparação com 2004. Em valores, as vendas externas passaram de US$ 2,46 bilhões para US$ 3,03 bilhões no período.
Ricardo Cotta ressalta que esse crescimento não se deveu ao fato de os focos de aftosa terem surgido apenas no último trimestre do ano. Segundo o diretor, mesmo nesses três últimos meses do ano as vendas continuaram aumentando, só que em ritmo menos intenso.
– Nós exportamos para mais de 140 países diferentes, atualmente, sem que nenhum deles tenha um peso substancial na pauta, o que também é um fato muito positivo nessa história toda – explica.
Para o diretor do departamento de Assuntos Sanitários e Fitossanitários do ministério, Odilson Ribeiro, alguns embargos também não afetam as exportações porque se referem a mercados que tradicionalmente compram pouco, como é o caso das restrições mais recentes, da Tailândia e das Filipinas.
No ano passado o Brasil exportou para as Filipinas aproximadamente 23,8 mil toneladas, com uma receita US$ 34 milhões. Já a Tailândia comprou 114 toneladas de carne bovina, o que gerou uma receita de US$ 91,7 mil.
– Aos poucos, as barreiras vão sendo minimizadas. Temos vários exemplos, como a Argentina, que já liberou a carne suína de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul; a Colômbia, que suspendeu parcialmente o embargo; o Peru, que também já diminuiu as restrições; a Tunísia, que vai começar a exportar; e a Rússia, cuja resposta positiva aguardamos para breve – informou.
A carne saudável que deixou de ser exportada em razão dos embargos também não trouxe prejuízo para os frigoríficos. Segundo as mais recentes análises do ministério, a produção foi direcionada para o mercado interno, provocando uma queda nos preços ao consumidor que variaram entre 15% e 20%, dependendo da região do país.
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