A queda de 2% na produção industrial do país em setembro, comparada à produção de agosto, interrompeu uma trajetória de estabilidade do setor que existia desde o início do ano. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a economista Isabella Nunes, gerente da pesquisa, o recuo na produção industrial já era esperado.

Ela avalia que em setembro houve uma concentração maior do ajuste de estoque, provocada pelos resultados negativos nas vendas nos três últimos meses.

Nunes informou que o resultado de setembro também foi influenciado pela forte queda na produção de bens de consumo duráveis (-8,9%), especialmente de automóveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Em julho e agosto, as taxas também foram negativas (-6,9% e -2,2%, respectivamente).

– O segmento de bens de consumo duráveis é o mais associado ao crédito e, embora as condições de financiamento ainda estejam favoráveis, o consumidor está mais cauteloso por causa do endividamento. Também a desvalorização do dólar frente ao real provocou o aumento das importações e os produtos importados com preços mais baixos que os nacionais passaram a ser os mais procurados nas prateleiras – informou.

Outra contribuição expressiva para a queda da produção industrial em setembro foi, de acordo com a economista do IBGE, o recuo na produção dos bens semi e não duráveis (-3,4%), especialmente no ramo de calçados e vestuário.

A produção de bens intermediários caiu 0,4%, influenciada pela retração no setor de fumo e de mineração. Apenas os bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram resultado positivo (1,1%) em setembro, na comparação com agosto.

Para Isabella Nunes, esse resultado "mostra que apesar da desaceleração neste ano, a indústria continua investindo na modernização de seus parques com a aquisição de máquinas e equipamentos".

AGÊNCIA BRASIL