| 29/07/2009 19h44min
Importante ferramenta para aumentar a produção agropecuária no Brasil, a irrigação tem sido apontada como uma alternativa para reduzir o desmatamento. No entanto, os custos elevados e a carência de crédito para o investimento impedem que mais agricultores tenham acesso.
Nesta época do ano, a seca castiga as plantações em boa parte do Centro-oeste do país. Mas quem chega a uma das propriedades da zona rural de Brasília, se encanta com as lavouras verdes. São 550 hectares destinados à agricultura. A irrigação chegou ao local na década de 80.
— Já se passaram 20 anos, tivemos várias dificuldades, mas do ano passado para cá conseguimos montar mais dois equipamentos. Não foram equipamentos novos, justamente pela dificuldade de crédito hoje — disse o produtor Ronaldo Cirilo Triacca.
O investimento valeu à pena. Com uma produtividade maior, em cinco anos, o agricultor conseguiu pagar os equipamentos.
Atualmente, Triacca planta trigo e feijão em uma área de 180 hectares utilizando esse sistema de irrigação, chamado de pivô central. Funciona da seguinte maneira: uma base é fixada no centro da plantação e as extremidades percorrem um raio de 360 graus. Dessa forma, ele garante a irrigação de toda a extensão da lavoura.
— Aqui na região Centro-oeste, por exemplo, a gente produz nessa época da seca, então as culturas têm menos doença e vai menos agrotóxico. Com isso, lógico, o público, quem se alimenta desses produtos, é beneficiado — acrescenta Triacca.
Cerca de 5,8% dos alimentos produzidos no Brasil são irrigados, uma área plantada de pouco mais de quatro milhões e seiscentos mil hectares. Segundo a Agência Nacional de Águas, são 149,6 mil hectares na região Norte, pouco mais de um 1,2 milhão no Nordeste, 1,377 milhão de hectares de lavouras irrigadas no Sudeste, área semelhante na região Sul e apenas 490 mil hectares no Centro-oeste.
Boa parte do trabalho é feito com equipamentos modernos como aspersão, pivô central e irrigação localizada. Em culturas que demandam mais água como o arroz, o sistema utilizado é o de irrigação por superfície. Dependendo do sistema, os custos de implantação variam de R$ 900 a R$ 4,3 mil por hectare, de acordo com a cotação do dólar, pois muitos componentes são importados.
— O produto vindo da irrigação permite um retorno, em valores, sete vezes em relação à agricultura tradicional. Se houver um prazo de carência e um crédito compatível para pagamento, podemos ter no Brasil uma alta produção, 3,3 vezes maior e um alto retorno. Então, isso acaba repercutindo em arrecadação de impostos, de geração de empregos, sete vezes maior do que seria a agricultura tradicional — disse o especialista em Gestão Ambiental e Irrigação, Demetrios Christofidis.
O professor da Universidade de Brasília diz que, com as mudanças no clima, a tendência é de expansão das culturas irrigadas. No Brasil, o potencial para irrigação é de 30 milhões de hectares. O país ocupa a 16ª posição, com pouco mais de 1% da área total irrigada no mundo.
Para a direção da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão responsável pela concessão do uso dos rios e mananciais, os investimentos em tecnologias no campo contribuem para a redução do desmatamento.
— Na medida em que nós possamos fazer o aproveitamento de uma área que o Brasil tem subaproveitada, de 100 milhões de hectares de pastagens degradadas, quer dizer, com técnicas mais modernas de plantio direto, de irrigação ,você pode fazer com que parte dessa área aumente a produção do Brasil e você tenha condição de diminuir a pressão sobre o desmatamento na Amazônia — concluiu o coordenador geral das Assessorias da ANA, Antônio Felix Domingues.
CANAL RURALÁREAS IRRIGADAS NO BRASIL |
Fonte: Agência Nacional de Águas |
Norte 149.671 ha Nordeste 1.207.388 ha Sudeste 1.377.143 ha Sul 1.376.422 ha Centro-oeste 490.664 ha |
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