O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concluiu nesta quarta-feira visita oficial de três dias à China afirmando que o potencial de crescimento nas relações entre os dois países é praticamente ilimitado.

Antes de partir para a Turquia, última etapa de sua viagem ao Exterior, Lula visitou o Centro Tecnológico Aeroespacial da China, onde foi assinado um acordo para prorrogar um programa de satélites de sensoreamento remoto, que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considerou um modelo de cooperação entre países em desenvolvimento.

O programa prevê o lançamento de mais dois satélites. As imagens serão oferecidas de graça a países africanos, que poderão usá-las para aumentar a produção agrícola, combater desastres naturais e a destruição da natureza.

Em rápida entrevista, o presidente reafirmou que não pretende se candidatar a um terceiro mandato por causa de possíveis riscos à saúde da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua candidata à eleição presidencial.

Depois de falar por telefone com o médico da ministra, Lula disse que o estado geral dela é bom e que não é hora de pensar em terceiro mandato. A ministra teve alta hoje do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava internada desde a madrugada de ontem, por causa de fortes dores nas pernas.

Críticas

Lula rejeitou também a crítica de que não houve avanço em novos acordos, nem solução de problemas como as exportações de carne de porco e de gado para a China e a decisão do governo chinês de não autorizar a importações de 45 aviões encomendados pela companhia aérea Kupeng.

De uma ordem de 50 aviões, no valor de US$ 2 bilhões, só cinco foram entregues. Com o agravamento da crise financeira internacional, o governo chinês aconselhou as empresas aéreas a não importarem mais aviões.

O presidente informou ainda comentou que os ministros da Fazenda e os presidentes dos Bancos Centrais dos dois países vão se reunir para discutir como importar e exportar pagando com as moedas nacionais.

Ele disse ainda que não existe um modelo de desenvolvimento único e que, por isso, não faria muito sentido para o Brasil seguir o exemplo chinês.

No Diário da China, jornal oficial do governo chinês, o empréstimo de US$ 10 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China à Petrobras foi destaque.

Segundo a publicação, que deu foto de capa do presidente e dona Marisa ao lado do presidente chinês Hu Jintao, o empréstimo "lubrifica o comércio" bilateral.

Para o jornal, "os 13 acordos assinados durante a visita cimentam as relações econômicas" entre Brasil e China.

No mesmo jornal, um artigo do cientista social chinês Chen Yuanting observa que os dois países encontraram "uma corrente quente de comércio em meio ao inverno frio da crise econômica mundial".

O pesquisador diz que o comércio bilateral ainda é pequeno e poderia ser dez vezes maior. A participação do Brasil no comércio exterior chinês, que representa 66% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, de cerca de US$ 4 trilhões, não passa de 1,8%.

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