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 | 20/05/2009 04h05min

Dores de Dilma mobilizam Planalto e PT

Estado de saúde da ministra-chefe da Casa Civil é estável, e ela pode deixar o hospital hoje

Fábio Schaffner, Brasília  |  fabio.schaffner@gruporbs.com.br

Apesar da súbita internação da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o Planalto e o PT não gostariam de ver reduzida a intensidade da agenda imposta à pré-candidatura da ministra à Presidência da República. No boletim médico de ontem, o estado de saúde da ministra foi considerado estável, e ela possivelmente deixará o hospital hoje.

Enquanto Dilma permanecia sob efeito de sedativos no Hospital Sírio Libanês, ontem, assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes petistas reafirmavam a manutenção do atual ritmo de trabalho da ministra.

– Ela só vai se resguardar nos dias posteriores à quimioterapia. Esse câncer tem um dos índices mais altos de cura e ela pretende seguir trabalhando normalmente – assegurou a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT).

A despeito das pretensões partidárias, Dilma cancelou todos os compromissos previstos para esta semana. Os eventos tinham nítido viés eleitoral, como um balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Ceará e um congresso da CUT em São Paulo. Ela também não irá comparecer a um seminário da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão que ocorre hoje em Brasília e no qual seria a principal painelista.

– Estamos esperando orientação dos médicos. Ela deve receber alta amanhã (hoje), mas não volta ao trabalho essa semana – afirma uma servidora da Casa Civil.

Em tratamento para curar um câncer no sistema linfático, Dilma foi internada às pressas às 3h de ontem. Ela viajou de Brasília a São Paulo em um avião-ambulância, após passar a tarde reclamando de dores nas pernas. A ministra havia almoçado em casa quando sentiu o incômodo.

De volta ao gabinete, ainda teve audiência com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Como as dores não cessaram, ela foi submetida a doses de analgésico intravenoso em um hospital da Capital. Orientada por telefone pela equipe médica, Dilma embarcou para São Paulo por volta das 23h30min.

Após um exame de ressonância magnética, os médicos identificaram uma miopatia, infecção muscular causada pelo tratamento quimioterápico, e prescreveram medicamentos para atenuar a dor. No início da manhã, a situação da ministra foi discutida em uma reunião no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo enquanto o Palácio do Planalto passa por reformas.

Chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho fez uma avaliação do quadro de saúde de Dilma. Após telefonar aos médicos, Carvalho avisou que a ministra continuava sob efeito de sedativos, mas que havia acordado sem dores. No exercício da Presidência por conta da viagem de Lula à China, o vice José Alencar tentou descontrair o ambiente.

– De câncer, eu entendo. E estou preparado para disputar mais três, quatro eleições – comentou Alencar, há 12 anos lutando contra um tumor maligno no abdome.

Dilma já havia sido alertada pela equipe médica que poderia sofrer enjoos e dores no corpo. Na quinta-feira, ela havia se submetido à segunda sessão de quimioterapia. Nos três dias seguintes, não houve efeitos colaterais. Ainda na madrugada de terça-feira, ela recebeu um telefonema do presidente Lula. Avisado da hospitalização por Gilberto Carvalho, o presidente recomendou descanso à ministra.

– Mas o descanso dela tu sabes como é, né? A gente pensa que ela vai ficar em casa e 20 minutos depois ela aparece no gabinete – confidencia um assessor da Casa Civil.

Na cúpula do PT, a orientação é evitar que a internação da ministra provoque insegurança no eleitorado. Os dirigentes demonstram otimismo e asseguram que não há hipótese de Dilma desistir da candidatura. Em conversas reservadas, porém, admitem que a saúde da ministra é motivo de angústia.

– Tudo que se refere à Dilma nos preocupa. Daqui para a frente, será assim: a cada buraco na estrada, o carro dá um solavanco – compara um integrante da Executiva Nacional.

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