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 | 14/01/2009 17h27min

Empresários rejeitam exigência do governo de garantia de emprego

Informação partiu do presidente da Fiesp, que defende redução da jornada de trabalho e de salários

Os empresários não pretendem aceitar a exigência de contrapartidas, por parte do governo, que tenha como objetivo a manutenção dos empregos em troca de iniciativas que beneficiaram as empresas neste momento de crise — como a desoneração de impostos e o aumento das linhas de crédito oferecidas pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A informação partiu do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, depois de se reunir na manhã desta quarta-feira com cerca de 30 empresários do Conselho Superior Estratégico da Fiesp, do qual fazem parte as maiores empresas do país. Preocupado com a onda de demissões, o governo estuda suspender o crédito dos bancos oficiais para as empresas que insistirem em demitir trabalhadores.

Redução de jornada de trabalho e de salários

Na reunião do conselho, que teve como tema central os impactos da crise financeira no Brasil, os executivos foram unânimes em defender iniciativas como a redução da jornada de trabalho associada à diminuição de salários, além da suspensão temporária dos contratos de trabalho, como alternativas às demissões motivadas pela redução da demanda. Mas rejeitaram a exigência do governo e dos sindicatos, que querem em troca a estabilidade dos trabalhadores.

— Sinto de diversos setores e empresas que todos querem alternativas ao desemprego. Destaco entre elas a redução de jornada e de salários e a suspensão temporária dos contratos de trabalho. Não ouvi uma única opinião contrária. Não queremos fazer nada que exija uma nova legislação — disse Skaf, após reunir-se com o presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente da Silva; da Fiat, Cledorvino Belini; da Embraer, Frederico Fleury Curado; do Grupo Votorantim, José Roberto Ermírio de Moraes; da Vale, Roger Agnelli; e o copresidente da AmBev, Victorio De Marchi, entre outros.

— Mas é preciso separar bem a questão da estabilidade. Se houver entendimento em reduzir a jornada e o salário em 25% por tempo determinado, me parece coerente que haja manutenção dos empregos no tempo em que isso ficar acordado. O bom senso tem que prevalecer. Mas não estamos falando em estabilidade e manutenção dos empregos. Isso não está na lei do país e em nenhuma lei de qualquer país do mundo. A estabilidade é justamente uma das coisas que mais engessam o serviço público — acrescentou Skaf.

O presidente da Fiesp partiu para o ataque aos que rejeitam a alternativa da redução de jornada e de salários para manter os empregos:

— Quem é contra nesse momento está a favor do desemprego. Não adianta fazer média. Este é o momento da verdade.

Empresas salvas não seguem demitindo, acredita Skaf

Ele chegou a citar que há entendimentos jurídicos contrários ao limite imposto pela lei, de no máximo 25% de redução da jornada de trabalho e de salários.

Na avaliação do dirigente da Fiesp, existem muitas empresas que precisam diminuir a produção e a necessidade de capital de giro. Skaf discordou da avaliação de integrantes do governo de que algumas empresas que foram "salvas" pelas últimas medidas continuam a demitir.

— Quero uma lista das empresas que estão sendo salvas, dos recursos públicos do orçamento que estão sendo destinados a elas e da pessoa que autorizou essa liberação. A palavra "salvar" é imprópria. Dinheiro de financiamento do Banco do Brasil não é recurso público — afirmou ele.

Ao ser questionado sobre o desligamento de 744 empregados da GM, apesar de o setor automotivo ter sido beneficiado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, Skaf respondeu que as demissões poderiam ter sido ainda maiores caso a medida não tivesse sido adotada:

—Não quero crer que isso signifique que estão salvando empresas com recursos públicos.

Skaf relatou que muitos setores estão sentindo os efeitos da crise. Entre os que fazem uso intensivo de mão-de-obra estão as indústrias automotiva, de autopeças, têxtil e calçadista. Os mais prejudicados pela queda da demanda mundial são os segmentos siderúrgico, mineração, papel e celulose, petroquímico e bens de capital.

— Para esses, por mais que se faça algo na questão do emprego, há a situação da redução da demanda — admitiu.

Agência Estado
 
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