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 | 02/12/2008 09h11min

Frigoríficos do país acumulam perdas no mercado de ações

Confira segunda reportagem da série sobre o novo perfil da indústria da carne

Núria Saldanha, São Paulo (SP)  |  reportagem@canalrural.com.br

Um ano depois da estréia na bolsa de valores, os frigoríficos brasileiros acumulam perdas no mercado de ações. A decisão de abrir o capital foi a saída encontrada para financiar a expansão das empresas no mercado externo. Na segunda reportagem da série sobre o novo perfil da indústria da carne, você vai ver um balanço da presença deste setor no mercado de capitais.

Com a dificuldade em acessar mercados importantes como Estados Unidos, Japão e União Européia, os frigoríficos brasileiros precisaram comprar plantas em outros países e, para expandir os negócios, foi necessário muito investimento. No Brasil, faltavam linhas de crédito com possibilidade de pagamento a longo prazo. Por isso, algumas companhias encontraram como alternativa a oferta pública de ações na bolsa de valores.
 
– Isso permitiu a capitalização das empresas que eram sempre familiares. A abertura de capital fez com que as empresas saíssem daquela tragédia brasileira de país de juro alto, quer dizer, a capitalização deu às empresas recursos para investirem e comprarem no Exterior – explica o ex-ministro da Agricultura, Marcos Vinícius Pratini de Moraes.
  
O primeiro frigorífico do Brasil a abrir capital foi o JBS Friboi, em março de 2007. A companhia é considerada hoje a maior processadora mundial de carne bovina e o maior empreendimento do ramo no país. Em junho do ano passado, mais duas empresas ingressaram no mercado de ações: Marfrig e Minerva. A intenção era captar recursos para financiar o crescimento das organizações.
 
– Para uma empresa crescer, ter uma escala global, poder reduzir custos e aproveitar a sinergia, precisa de capital. Nós precisávamos angariar parceiros do mercado financeiro para manter uma estrutura de capital adequada para os planos da empresa – disse o diretor de relação com investidores do JBS Jeremiah O´Callaghan.

O pesquisador Sergio de Zen diz que o processo de abertura de capital vem gerando uma transformação na indústria brasileira da carne. Na opinião dele, o setor está amadurecendo e se profissionalizando ainda mais. Zen admite, no entanto, que os frigoríficos brasileiros estão sendo prejudicados pela instabilidade do mercado internacional.
 
– Com a crise nas bolsas, têm ações de algumas empresas que chegaram a valer 3 vezes o que estão valendo hoje, mas isso é uma exigência do mercado. Porque as empresas estão vendendo carne, e carne é uma commodity, e a gente sabe que o mundo está entrando numa recessão. Conseqüentemente, os lucros dessas empresas devem cair. Elas estão no jogo internacional, não estão oscilando independentemente – diz o pesquisador.

O certo é que os frigoríficos entraram na bolsa num momento de euforia e alta generalizada. Em seguida, veio a desvalorização.
 
Em março de 2007, a ação do JBS Friboi valia R$ 7. Em maio de 2008, com o aquecimento da demanda mundial por alimentos, atingiu o pico de alta de R$ 10,30. Em outubro, a ação chegou a cotação mínima de R$ 2,82, enquanto que na última semana de novembro disparou, e encerrou em R$ 4,95, com desvalorização de mais de 29% desde o lançamento.
 
As ações do Marfrig em junho de 2007 eram cotadas a R$ 19,50. Atingiram o pico de alta em maio deste ano, valorizadas em R$ 24,30. No início de novembro, atingiram a mínima de R$ 7,68, e encerraram o mês valendo R$ 8,43, com queda de quase 57% desde que a empresa se lançou na bolsa de valores.
 
O frigorífico Minerva foi o que apresentou a maior desvalorização na bolsa, com perdas de quase de 89%. A mínima foi registrada em outubro de 2008, a R$ 1,87. As ações da empresa não tiveram pico de alta e despencaram desde a abertura de capital, passando de R$ 18,50 em junho de 2007, para R$ 2,04 neste mês.

De acordo com o analista da Intrader Edson Hydalgo Junior, a crise financeira mundial é a principal responsável pela queda das ações dos frigoríficos, mas não é a única. Segundo ele, uma série de equívocos das companhias, que saíram fazendo aquisições sem comunicar aos acionistas, ajudou a derrubar a cotação dos papéis.

– Isso cria um nível de desconfiança do investidor, uma empresa que tem atitude agressiva num momento de cautela. Isso ajudou a puxar para baixo o preço.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne, Roberto Giannetti da Fonseca, a desvalorização de ações não é um problema apenas dos frigoríficos, e o atual cenário exige ações do governo.

– Caiu a ação para todos, não só para os frigoríficos. Então essa é uma preocupação geral do empresariado brasileiro. Acho que o governo devia estimular a poupança doméstica para substituir o capital estrangeiro, porque não podemos assistir essa queda de ações de forma inerte e passiva.
 
Nesta quarta, dia 3, vamos ver como os frigoríficos brasileiros expandiram os negócios pelo mundo e se tornaram grandes companhias internacionais.

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