Notícias

 | 01/12/2008 10h12min

Receita com exportações de carne do Brasil cresceu US$ 4 bilhões em sete anos

Mudanças que ajudaram a consolidar liderança mundial dos frigoríficos brasileiros são tema de série especial

Atualizada às 13h32min Núria Saldanha, São Paulo (SP)  |  reportagem@canalrural.com.br

O Brasil lidera o mercado mundial de carne bovina há mais de sete anos. A receita com exportações no setor saltou de US$ 1 bilhão em 2001 para mais de US$ 5 bilhões neste ano. Mas para chegar até estes números, a indústria da carne no país passou por muitas mudanças. Este é o assunto da série de reportagens sobre o novo perfil dos frigoríficos brasileiros que você acompanha a partir desta segunda, dia 1º, no Agribusiness, às 8h30min.

A indústria brasileira da carne tem pouco mais de 70 anos. Nasceu com a entrada de frigoríficos internacionais, na década de 40, que enxergaram no país um potencial concorrente para a Argentina. Naquela época, os vizinhos dominavam a produção e a exportação de proteína animal. Foi então que companhias estrangeiras instalaram fábricas no Brasil e passaram a exportar principalmente carne industrializada.

– Elas se instalaram entre os anos 30 e 40, se desenvolveram e trouxeram padrões de qualidade e inspeção característicos de suas unidades de origem, que eram européias, principalmente. Isso funcionou até que os mercados da Europa e dos Estados Unidos conseguiram auto-suficiência na produção de carnes e se transformaram até em pequenos exportadores. Austrália e Canadá entraram neste mercado – conta o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Sérgio De Zen

A concorrência aumentou, mas junto veio a disposição dos brasileiros em continuar avançando na pecuária.

Nos anos 60, a indústria da carne passou por um processo de nacionalização. Com o financiamento facilitado pelo setor público, centenas de frigoríficos surgiram no Brasil. Mas, com projetos mal concebidos e mal administrados, quem não tinha capital de giro quebrou. No fim da década de 90 as empresas que resistiram à crise encontraram um grande potencial no mercado de carne resfriada e congelada. O ritmo de exportações começou a crescer.

– Surgiu uma nova geração, que hoje são os frigoríficos líderes mundiais em termos de produção de carne no mundo: Friboi, Marfrig, Independência, Minerva e Bertin – diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca.

O ex-ministro da Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes lembra que nos últimos anos cortes resfriados mais nobres conquistaram mercados.

– Saímos de exportadores de carne enlatada para exportadores de toda a cadeia produtiva.

Com o avanço destas empresas, a indústria frigorífica foi ganhando força no país. Em 1999 surgiu o problema da doença conhecida como vaca louca na Europa. No mesmo ano, a febre aftosa atingiu a Argentina e os compradores tiveram que buscar novos mercados. Foi a chance dos brasileiros.

– Nós aproveitamos o episódio da vaca louca para mostrar para o mundo o nosso boi de capim, e o boi de capim brasileiro começou a ocupar espaço no mundo todo – lembra Pratini.

Aproveitar a oportunidade abriu para o Brasil mercados como o Oriente Médio e o leste europeu.

– Em 2001 já éramos o maior exportador – diz De Zen.

Para atender ao exigente mercado internacional e ampliar a capacidade de produção e abate, a indústria da carne precisava investir. Mas o Brasil não tinha linhas de financiamento em volume suficiente para suprir a demanda dessas empresas. A saída foi buscar recursos no mercado externo, com a emissão de títulos de dividas. As empresas então começaram a se preparar para mais tarde vender ações na bolsa.

– Elas passaram por um processo de evolução corporativa. Primeiro adotaram regras de governança, auditoria, transparência nas contas. Sofisticaram seus métodos de gestão até pela informática e a partir daí se qualificaram para uma oferta pública de ações – explica Gianetti da Fonesca.

Conforme o pesquisador Sérgio De Zen, foi aí que as empresas passaram a crescer de novo, comprando mais empresas em outros países e novas linhas de produtos.

– Assim chegamos ao status que temos hoje.

Com boa oferta de pastagens, produto de qualidade e baixo custo, o Brasil não perdeu mais espaço. E nem mesmo depois de superado o problema da vaca louca, a Europa conseguiu retomar os mercados. O Brasil exporta hoje quatro vezes mais carne bovina do que vendia há sete anos. O volume embarcado saltou de 500 mil toneladas em 2001 para dois milhões de toneladas neste ano. A receita subiu de cerca de US$ 1 milhão para mais de US$ 5 bilhões no período. Os números consolidaram o Brasil como o maior exportador de carne e o país com o maior rebanho comercial do mundo.

Nesta terça você vai ver como foi a entrada dos frigoríficos na bolsa de valores e qual o balanço da participação da indústria da carne no mercado de ações.

CANAL RURAL
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.