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 | 12/11/2008 10h19min

Vice-presidente do Banco Mundial pede mais peso às economias emergentes

Reunião deve estabelecer novo sistema financeiro adequado ao século XXI, afirma Isabel

A vice-presidente do Banco Mundial (BM) para o sul da Ásia, Isabel Guerrero, defendeu nesta quarta-feira que as economias emergentes tenham um maior peso na nova ordem econômica global que começará a ser definida durante a cúpula do G20 em Washington:

— É importante que as economias emergentes sejam ouvidas no processo de tomada de decisões — declarou Isabel durante uma entrevista coletiva em Tóquio, onde se reuniu com as autoridades japonesas para discutir o impacto da crise na Ásia.

A chilena, que dirige o departamento do BM para a região do Sul da Ásia desde julho, considerou que a cúpula do G20 deste sábado em Washington deverá ser concentrada no estabelecimento de um novo sistema financeiro adequado para o século XXI.

"Países como Brasil, China e Índia têm um papel econômico muito mais importante que há 60 anos, quando foram criadas as instituições de Bretton Woods", o BM e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1944, acrescentou. Por isto, Isabel considerou que na reunião deste fim de semana em Washington deverá ser debatido que terá voz e voto em instituições renovadas que ajudarão a construir a nova ordem econômica global

— Precisamos realmente de reformas que ajudem a criar uma rede mais extensa e representativa do novo mundo, que possa também responder de forma mais rápida e flexível (a situações de incerteza como a atual) — declarou a chilena.

A vice-presidente do BM para o sul da Ásia afirmou que "o G20 é uma forma prática" de convocar as economias mais representativas, mas disse que "não sabe" se este grupo inclui todos os atores necessários. A chilena disse ainda que a rapidez de tomada de decisões não será prejudicada por um maior número de membros e lembrou recentemente que o BM tomou medidas para aumentar o peso de vários países africanos na instituição.

Sobre o impacto da crise, Isabel se mostrou especialmente preocupada com seus efeitos sobre os cidadãos mais pobres da região do sul da Ásia, onde a expectativa de crescimento deste ano caiu de 6,3% para 5,4% para o próximo ano:

— Para cada ponto percentual a menos de crescimento em um país em desenvolvimento, 20 milhões de pessoas caem na pobreza — declarou. 

A chilena afirmou que os países do Sul da Ásia foram atingidos por três crises paralelas, a do aumento do preço dos alimentos, o do custo do combustível e posteriormente a dos problemas financeiros, que balançaram os alicerces do sistema econômico global.

Após dois dias de reuniões com representantes do governo japonês, Isabel disse que foi decidido que a rede de investidores internacionais deverá aumentar os recursos diante da queda dos investimentos e da redução do capital, além de estabelecer uma rede de proteção aos mais pobres. Já o BM anunciou nesta quarta que poderia quase triplicar seu volume de empréstimos este ano, até US$ 35 bilhões, para ajudar países em desenvolvimento atingidos pela crise financeira global com epicentro nos Estados Unidos, muitos deles na Ásia. 

A vice-presidente do BM afirmou que a crise atinge de forma muito diferente as inúmeras economias do sul da Ásia, onde alguns países contam com características fundamentais para sua recuperação. Como exemplo, ela lembra o peso do mercado interno da Índia e a elevada quantidade de recursos na China, o que permitiu ao gigante asiático lançar mão de um pacote de estímulo econômico.

A dirigente considerou ainda que, ao contrário da crise que castigou as economias asiáticas nos anos 90, a atual não tem sua origem na Ásia, o que beneficiará a região. Além disso, naquela ocasião a China tinha um peso muito menor na economia mundial em relação a hoje. Isabel destacou ainda a rapidez de atuação dos principais atores diante das complicações e considerou que, com estes ingredientes, os efeitos da crise na Ásia "poderiam ter um final feliz".

Entenda a crise

EFE
 
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