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 | 27/10/2008 16h16min

Forte crescimento do setor automotivo deverá ser interrompido em 2009

Os investimentos, por sua vez, por enquanto estão mantidos, dizem executivos

O forte ritmo de crescimento da indústria automotiva registrado no Brasil em 2007 e nos primeiros nove meses de 2008, quando o setor registrou altas de mais de 20% nas vendas, deverá ser interrompido em 2009, reflexo da crise financeira internacional. A previsão de alguns executivos do setor é de estabilidade nas vendas para o próximo exercício. Apesar de não falarem ainda em corte de pessoal, todos admitem que ajustarão a produção ao novo ritmo do mercado. Investimentos, por sua vez, por enquanto estão mantidos.

Renault

O presidente da Renault do Brasil, Jerôme Stoll, é dos que avaliam que as vendas do mercado deverão ficar estáveis em 2009, na comparação com 2008, mas com comportamento diferente em relação aos picos de venda.

— Acredito que vamos começar o ano com um ritmo mais fraco e recuperar depois no segundo semestre — afirma.

A previsão do executivo para 2008, no entanto, já foi reduzida. Stoll estima queda de 10% a 15% nas vendas totais do setor nos últimos três meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa inicial era de que o setor encerrasse o ano com 3 milhões de unidades comercializadas (automóveis de passeio e comerciais leves), o que representaria uma alta de quase 25%. A projeção agora é de vendas totais de 2,750 milhões de automóveis de passeio e comerciais leves, o que representará uma expansão de 18% sobre 2007.

Para garantir as vendas da empresa, a Renault Credit International, braço financeiro do grupo, dobrou sua participação nas vendas desde agosto. O percentual dos financiamentos da instituição, que era de 15% no primeiro semestre, agora está em 30%, afirma Stoll. O executivo afirmou também que a empresa deverá reduzir produção para ajustar os estoques ao novo ritmo do mercado, mas não fala ainda em demissões no Brasil.

Na Argentina, a empresa já anunciou a dispensa de 300 funcionários temporários e a redução do turno de trabalho de dois para um. No Brasil, por enquanto, a estratégia é fazer uso do banco de horas para manter o ritmo de dois turnos nas linhas de produção.

— Nossa maior dificuldade será ter agilidade para adaptar o sistema ao novo mercado — avalia.

Peugeot

O presidente da Peugeot do Brasil, Laurente Tasté, por sua vez, avalia que o mercado automotivo brasileiro está mais protegido da crise, uma vez que depende mais do desempenho interno que internacional, mas se diz preocupado em relação à disponibilização do crédito.

— Acredito que o país seja capaz de manter os níveis atuais de vendas em 2009 — afirma.

O executivo ressalta que pensar em estabilidade nas vendas no próximo ano parece razoável depois do forte crescimento de 2007 e 2008. Ele admite ainda que a empresa deverá fazer ajustes na produção para adequar-se ao novo patamar do mercado, mas não fala que tipo de medida deverá ser tomada.

— Não tomamos ainda essa decisão. Estamos esperando para ver como ficará o mercado, mas adianto que hoje estamos trabalhando com três turnos, de sábado e domingo — lembra.

Para amenizar a falta de crédito das instituições financeiras comerciais, o banco da montadora também tem elevado sua participação nos financiamentos dos carros da marca. O percentual de 30% subiu para 40% nos últimos dias, segundo o executivo. A avaliação de Tasté é de que o apoio do governo é fundamental nesse momento para dar tranqüilidade ao mercado e também para manter o custo do crédito em patamares aceitáveis.

A previsão da empresa é encerrar 2008 com 90 mil carros vendidos, o que representará um aumento de 15% sobre 2007. O presidente da Peugeot afirma ainda que a programação de investimentos do grupo está mantida. O plano prevê aportes de US$ 500 milhões no país entre 2007 e 2010.

— Não vamos atrasar investimentos por causa da crise — afirma.

Fiat

O presidente da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini, prefere não fazer previsões para 2009. Segundo ele, é preciso aguardar para ver como ficará a questão do crédito no país. O executivo ressalta, no entanto, que os fundamentos da economia continuam fortes e sólidos. Belini cita dados do IBGE, que na semana passada divulgou que o índice de desemprego continua estável em 7,6% e que a massa salarial cresceu 6,4%.

— Estou confiante que 2009 ainda será um ano positivo para o setor — afirma.

A expectativa do presidente da Fiat é de que as medidas já anunciadas pelo governo só comecem a ter reflexo no mercado dentro de 30 a 60 dias, quando espera que a disponibilidade de crédito dos bancos seja restabelecida.

— Estamos vivendo um momento atípico, com restrição de crédito, mas acho que esse cenário é passageiro.

O executivo informa que em outubro o setor registrou uma média de vendas diárias 5,5% acima da média diária de 2007.

— Por enquanto não temos com o que nos preocupar, mas podemos fazer ajustes caso seja necessário — afirma.

O executivo acredita que, com a injeção do dinheiro do 13º salário no mercado já a partir de novembro, as vendas deverão se recuperar no mercado interno neste final de ano. As expectativas para exportação, no entanto, são de queda de 20%, para 85 mil unidades. O presidente da Fiat afirmou ainda que a programação de investimentos da montadora está mantida, apesar das incertezas geradas pela turbulência internacional. A programação da empresa prevê aportes de R$ 6 bilhões até 2010 para o segmento de automóveis de passeio, tratores e caminhões.

— Acredito que o Brasil vai passar esse momento e por isso temos que estar preparados para quando o País retomar o ritmo de crescimento — afirma.

Depois de dar férias coletivas para 13% dos funcionários em outubro, o executivo admite que poderá conceder novo prazo de descanso aos trabalhadores em novembro, antes das férias coletivas de dezembro, mas nega que a decisão esteja relacionada com a crise.

— Estamos estudando novas férias, mas porque precisamos atender a legislação trabalhista — afirma, lembrando que em julho a empresa não deu descanso aos funcionários porque o mercado estava muito aquecido.

Entenda a crise nos mercados mundiais

Agência Estado
 
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