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 | 25/10/2008 10h14min

Crise financeira mundial esfria a febre da casa própria no Brasil

Com o crédito mais caro, a capitalização de construtoras também é afetada

A crise financeira mundial ameaça transformar os bons ventos do financiamento imobiliário em brisa. Em 2007, o benefício com recursos da poupança cresceu quase 100% frente ao ano anterior, levando o setor à sua maior expansão em décadas.

O responsável pela piora no cenário é o aperto no crédito que o país tem começado a sentir: com o dinheiro em falta lá fora, os bancos tendem a proteger mais seus próprios recursos. Nessa tendência, o Bradesco mudou a taxa de 9% para 10,5% ao ano para imóveis até R$ 120 mil; o Itaú reajustou o teto dos juros cobrados para 12%, e on Unibanco, a taxa passou de 11% para 12%.

— Isso é o teto. Se o banco fazia (o financiamento) a 9%, não quer dizer que vai fazer a 12%, mas que se sente livre para variar mais as taxas. Agora eles vão estudar muito bem quem são os tomadores de crédito e dar taxas melhores àqueles clientes em que têm mais confiança — diz João Crestana, Secovi-SP, sindicato do setor imobiliário.

Para o consumidor, a mudança se traduz em mais gastos. Em um financiamento em 20 anos, o preço final do imóvel pode ficar até 29% mais caro, segundo um levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Segundo o autor do estudo, Miguel de Oliveira, antes da alta dos juros o consumidor pagava por um imóvel de R$ 120 mil, em média, 240 prestações de R$ 966,74, em um total de R$ 232.017,60. Agora, o valor final soma R$ 299.455,20.

— Com o aumento dos juros, você afeta a prestação. E a prestação aumentando, começa a criar problemas no bolso de uma fatia dos potenciais compradores. Em determinado segmento, pode até inviabilizar a compra — avalia Luiz Paulo Pompéia, presidente da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp). — Os bancos estão pedindo mais garantias e vão injetar menos dinheiro no setor. O reflexo é que alguns empreendedores vão reduzir seu ritmo de lançamentos. Não há uma suspensão, mas uma redução do ritmo alucinado de montagem de estandes de venda que era no passado.

De olho nos problemas do setor, o governo federal autorizou, nesta semana, a Caixa Econômica Federal a comprar participação acionária em construtoras. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o objetivo é evitar que haja uma interrupção dos projetos por falta de recursos. Para o consumidor, a recomendação dos especialistas é redobrar a prudência na hora da compra.

— Quem pretende financiar um imóvel pode procurar um dos bancos em que é cliente e negociar para manter a taxa — diz Crestana. — Mas o comprador vai ser um pouco mais cauteloso agora, vai selecionar os melhores juros, não vai querer comprometer tanto da renda.

— A recomendação é prudência, paciência e pechinchar muito. E, se puder esperar, para evitar riscos desnecessários. Eu acredito que em três ou quatro meses já vamos estar com uma situação mais estável, mais clara — afirma Pompéia.

Para uma fatia dos compradores, no entanto, a recomendação do presidente da Embraesp é diferente:

— Quem tem aqueles contratos já prontos, com a situação de antes da crise, é bom aproveitar. Porque dificilmente voltaremos a uma situação tão privilegiada quanto a de seis meses atrás.

As informações são do site G1.

 
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