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 | 16/10/2008 02h26min

Análise da crise: não adiantou avisar

Marçal Alves Leite, colunista de Zero Hora

Ao completar um mês da bancarrota do norte-americano Lehman Brothers, que descambou no pior momento da crise financeira dos EUA, em vez de comemoração pelos esforços das autoridades para sanear as finanças globais, os investidores de todo o mundo enfrentaram outro redemoinho de preços e incertezas.

O circuit breaker foi acionado pela quinta vez no mês na Bolsa de São Paulo (Bovespa) sem conseguir estancar a fuga de capitais. Foi outra jornada de fortes emoções, em que o índice chegou a encostar em 15% negativos. O sangue ferve, o coração palpita e os investidores vão à loucura. Não é para menos, pois ninguém assiste indiferente ao derretimento do dinheiro que, para muitos, exigiu anos de trabalho e planejamento.

E a única saída convincente em instantes de pavor é escapar da bolsa o quanto antes. Aplicadores afoitos, por vezes, acabam realizando perdas sem noção de que sacar de contas com saldo inferior ao valor aplicado pode ser mais devastador ao bolso – e ao próprio ego – do que esperar muito tempo para obter algum lucro ou mesmo para evitar prejuízos.

Até os mercados europeus, tradicionalmente de pequenas variações diárias, como a Bolsa de Londres, do país do primeiro-ministro Gordon Brown, alçado nos últimos dias a herói financeiro global, sucumbiu de forma espetacular. Queda acima de 7% é tão explosiva para os britânicos como o estrago que faz aos brasileiros uma desvalorização de mais de 11%.

Era quase uma unanimidade entre analistas. Depois da euforia com as medidas anunciadas por dirigentes dos EUA e da União Européia, os negócios voltariam a ser balizados pelo cronograma de dados sobre a economia real. Também é do conhecimento geral que, mesmo com a liberação de trilhões para recuperar o crédito dos bancos, a economia dos EUA iria de qualquer jeito passar por um período de recessão.

De nada adiantou avisar. Foi preciso saírem os primeiros números sobre o fraco desempenho da atividade econômica norte-americana para os investidores caírem na realidade. Dois grandes bancos, o Wells Fargo e o JP Morgan, anunciaram estrondoso impacto da crise em seus balanços. E, um fiel termômetro do desempenho da economia real, as vendas no varejo nos EUA aceleraram o ritmo de queda.

Alvo de toda a atividade produtiva, a perda de ilusões por consumidores é um péssimo sinal aos investidores, principalmente de mercados periféricos, como o do Brasil, que dependem tanto da boa vontade compradora em outros rincões. Ainda bem que os ânimos mudam de um dia para outro.

Entenda a crise:

 
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