| 15/10/2008 20h27min
O índice Dow Jones Industrial, principal das bolsas de Nova York, fechou nesta quarta-feira com a maior queda em 21 anos. Se no primeiro pregão da semana o índice conseguiu subir mais de 11%, no que foi a maior alta em pontos da história, nesta quarta o Dow Jones caiu 7,87% (a maior desvalorização percentual desde o "crash" de outubro de 1987), para ficar 21% abaixo do nível que terminou em setembro.
A acentuada queda no início do pregão nova-iorquino se aguçou na reta final do dia, depois de o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, advertir que a estabilização dos mercados financeiros buscada, através de medidas, por governos e instituições de todo o mundo não será suficiente para garantir a recuperação econômica.
— A estabilização dos mercados financeiros é um primeiro passo fundamental. Entretanto, mesmo que se estabilizem como esperamos, uma recuperação econômica mais ampla não chegará como ato seguido — disse
Bernanke em Nova York.
No mesmo sentido, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, expressou sua confiança em que a compra governamental de ações bancárias estabilizará o sistema financeiro, porém advertiu que as dificuldades econômicas continuarão.
Dessa forma, ambos trouxeram à tona os temores de muitos analistas e investidores, que vêem cada vez mais indícios de que a crise financeira internacional já atinge a economia real.
Essa percepção também arrasou os pregões europeus, onde se registraram quedas, entre outros locais, em Londres (7,16%), Frankfurt (6,49%), Paris (6,28%), Zurique (5,58%), Milão (5,33%) e Madri (5,06%).
Para os mercados internacionais, pouco serviu saber que a inflação na zona do euro caiu 3,6% e que o próprio Bernanke deixasse transparecer uma possível redução das taxas de juros, ao apontar que é previsível uma contenção no ritmo de crescimento dos preços nos EUA, em parte devido à queda no preço do petróleo.
Petróleo
Tanto o Petróleo
Intermediário do Texas (WTI, leve), de referência nos EUA, como o Brent, principal na Europa, caíram em torno de 5%, para fechar em seu preço mais baixo nos últimos 13 meses.
O ânimo dos investidores se deixou levar pela corrente pessimista que inunda os mercados financeiros e que se viu alimentada pela publicação de dados que reforçam a tese de que a crise financeira prejudicou a economia real.
A aceleração final da queda da bolsa nova-iorquina coincidiu com a difusão do chamado Livro Bege, uma compilação de relatórios sobre os 12 distritos que formam o sistema do Fed.
Nele, se assegura que a atividade econômica perdeu força em setembro em todo EUA e que os empresários ficaram mais pessimistas sobre o futuro.
Na maioria dos distritos, a despesa dos consumidores americanos diminuiu, a atividade fabril se desacelerou, o mercado imobiliário perdeu força, pioraram as condições do mercado de trabalho e os bancos endureceram seus
critérios para a concessão de créditos.
Além disso, nos EUA foi anunciado que as vendas no varejo retrocederam em um mês 1,2%, para seu nível mais baixo em três anos, e muitas empresas americanas divulgaram seus resultados empresariais.
Embora em geral esses resultados tenham superado as expectativas, refletiam grandes perdas ou quedas de lucro nos nove primeiros meses do ano e no terceiro trimestre, com exceções como a Coca-Cola.
Assim, o banco americano JP Morgan Chase anunciou que seu lucro nos nove primeiros meses do ano foi 60% inferior ao do mesmo período de 2007 e o Wells Fargo informou sobre uma queda de 20%.
Além disso, as companhias aéreas americanas American Airlines e Delta reconheceram perdas de US$ 1,731 bilhão e US$ 7,484 bilhões, respectivamente.
Entenda a crise:
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