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 | 08/10/2008 07h59min

Análise da turbulência: crise de confiança

Credores deixaram de acreditar nas instituições

Marçal Alves Leite, colunista de Zero Hora

A crise financeira mundial ingressou em uma fase em que os ativos perdem valor por causa das dúvidas dos investidores em relação às medidas já adotadas pelos organismos internacionais. É uma crise de confiança.

Os credores deixaram de acreditar nas instituições e não querem abrir mão de suas economias, muitas vezes obtidas com trabalho duro, anos de vida e árduo planejamento, para financiar dívidas contraídas por irresponsabilidade ou ineficácia administrativa. Só é credor quem gasta menos do que recebe, e, portanto, não tem sentido repassar essas sobras a quem faz justamente o inverso. E como confiar em um sistema que há três semanas enfrenta turbulências sem mostrar efetivamente uma alternativa capaz de, pelo menos, estancar a fuga de capitais.

Bancos centrais de vários países, entre os quais o Fed, a autoridade monetária dos EUA, anunciaram liberação de bilhões de dólares. O presidente do Fed, Ben Bernanke, indica a possibilidade de reduzir a taxa básica norte-americana, hoje em 2% ao ano, e os credores retiram ainda mais dinheiro das bolsas.

A falta de confiança também se traduz no Brasil. O Banco Central ofereceu mais de US$ 3 bilhões, mas cerca de um terço não teve comprador. Mesmo assim, a cotação do dólar dispara. Ou seja, em vez de aceitar as propostas, as tesourarias dos bancos preferem comprar pouco, porque desconfiam que possam estar pagando mais do que vale.

Quer dizer: há desconfiança quanto à capacidade de pagamento pelo devedor ou há dúvidas se o preço cobrado pelo fornecedor está de bom tamanho. Fica difícil empenhar palavras se não há quem segure as rédeas da crise.

GRÁFICO: entenda a crise global

 
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