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 | 13/08/2008 20h02min

Dantas diz que Operação Satiagraha foi articulada pela Abin

Banqueiro falou na CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas

O banqueiro Daniel Dantas disse nesta quarta-feira que a Operação Satiagraha ocorreu devido a articulações que teriam sido feitas pelo atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda. De acordo com Dantas, Lacerda teria direcionado as investigações contra ele, em represália à divulgação de informações de que o diretor da Abin teria contas irregulares no Exterior.

As informações teriam sido passadas para uma revista de grande circulação e, segundo Dantas, Lacerda pensa que ele teria sido a fonte do dossiê. As investigações contra Dantas teriam começado em 2004, quando Lacerda ainda estava no comando da Polícia Federal.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara, Dantas negou ter divulgado qualquer informação sobre Lacerda.

— Na época, fiz vários desmentidos à imprensa e enviei carta ao doutor Lacerda. As informações vieram nesta linha e, basicamente, me lembro do termo que dizia, que ele ia me botar um par de algemas — disse o banqueiro.

Dantas disse que chegou a ser informado no ano passado sobre a existência da investigação contra ele.

— Em novembro do ano passado, fui informado de que existia uma operação encomendada na PF contra mim. Eu não dei muita credibilidade. São muitas informações que chegam todo dia. O que diziam é que isso tinha sido pedido pelo diretor da Abin, doutor Paulo Lacerda. E que isso ocorria como retaliação do doutor Lacerda ao atribuir a mim a responsabilidade de ter entregado a uma revista de grande circulação relatório em que constavam contas dele no Exterior — disse Dantas.

O banqueiro informou ainda que ficou mais preocupado quando descobriu que seu assessor, Humberto Braz, teria sido seguido pela Abin. Procurada, a assessoria da Abin informou que a agência não vai comentar as declarações do banqueiro Daniel Dantas.

Filho de Lula

Durante o depoimento de hoje, o banqueiro também afirmou que o delegado Protógenes Queiroz disse a ele, durante o depoimento do empresário na Polícia Federal, que iria investigar o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luís Lula da Silva.

Em janeiro de 2004, a empresa Gamecorp, do filho do presidente, recebeu R$ 5 milhões da Telemar. Os investimentos da empresa de telefonia são apontados como suspeitos porque duas instituições de interesse público possuem ações da Telemar — o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras (Petros), que é dono de 19,9% das ações da empresa, e o BNDES, com 4,7%.

Segundo Dantas, Protógenes fez duas recomendações a ele. Primeiro, não falar com a imprensa, porque a divulgação estaria prejudicando ele próprio. O banqueiro respondeu ao delegado que queria esclarecer na imprensa o que houve na operação envolvendo a Brasil Telecom. Protógenes também aconselhou Dantas a não tentar trazer o material investigado na Itália, porque a Polícia Federal já tinha investigado e era falso. Por último, o delegado informou que iria investigar a fundo a venda da Brasil Telecom para a Telemar.

Para Dantas, toda celeuma provocada pela investigação é muito estranha e indica que "há mais coisas aí". Dantas diz que estranhou o interesse policial numa negociação comercial privada.

— É dito que é uma investigação criminal, mas não é possível uma celeuma que envolva presidente da República, ministro da Justiça e ministro do Supremo. É como se a cúpula do Vaticano se reunisse para decidir se preguiça é pecado capital.

AGÊNCIA BRASIL E AE
 
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