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 | 12/08/2008 13h20min

Especialistas apontam agroenergia como alternativa sustentável, mas vêem dificuldades

Assunto foi discutido no Congresso Brasileiro de Agribuisiness, em São Paulo

Raphael Salomão/São Paulo (SP)  |  reportagem@canalrural.com.br

Que a agroenergia é essencial para garantir a sustentabilidade da matriz energética foi uma opinião de consenso entre os participantes do primeiro painel de discussões nesta terça, dia 12, segundo dia do Congresso Brasileiro de Agribusiness, em São Paulo. Mas houve também a constatação de que há uma série de dificuldades a serem superadas para que a energia vinda de fontes agrícolas se consolide no país.


 
Commoditização do etanol, investimento em tecnologia, melhor regulação do mercado, benefícios fiscais, mudanças no regime tributário, marketing e a própria conexão do sistema produtor de bioenergia com o da energia elétrica convencional estão entre as principais necessidades apontadas pelos especialistas. Entre eles, o presidente da Evonik Degussa no Brasil, Weber Porto.
 
Ele ressaltou que os preços do petróleo no mercado internacional são a principal influência o desenvolvimento do etanol. À medida que o combustível fóssil fica mais caro, o renovável surge como a principal alternativa e as pesquisas aumentam. Na avaliação dele, o aumento do uso do etanol como matéria-prima da indústria química é natural.
 
– O etanol é uma excelente matéria-prima que pode substituir o petróleo em vários setores, mas é necessário, evidentemente, que haja uma competitividade econômica e também um desenvolvimento tecnológico – analisou.
 
O consultor da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) Carlos Roberto Silvestrin projetou a produção de um bilhão de toneladas de cana no Brasil até 2020. Paralelamente, a chamada bioeletricidade passará dos atuais 3% para 15% de participação na matriz energética brasileira no período.
 
Para ele, a bioeletricidade é a mais eficiente fonte complementar à hidreletricidade e há um grande potencial à disposição do mercado. Os investimentos, também até 2020, devem chegar a 60 bilhões de reais, contando desde a maior aplicação de tecnologia na colheita (em São Paulo, por exemplo, a mecanização já está em torno de 50%) até a geração de energia. Para isso, faltam apenas regras de mercado e o que Silvestrin classifica como reconhecimento do benefício econômico da alternativa.
 
– É importante que se comece a observar com mais detalhes a matriz energética da cana, com toda a sua potencialidade, porque há uma sinergia entre o etanol e a bioeletricidade. eles se complementam. Com o avanço da produção de etanol, você avança na produção de biomassa e de bioeletricidade.
 
O presidente do Comitê Nacional de Agroenergia da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, acrescentou que o preço do petróleo dificilmente voltará a patamares abaixo de US$ 100 dólares o barril. Para ele, não há opção a não ser mudar a matriz energética e a alternativa é a energia renovável.
 
– A agroenergia pode atender à demanda, desde que haja políticas públicas – afirmou.
 
Carvalho explicou que o etanol é importante até mesmo para conter a escalada dos preços do petróleo. Segundo ele, com o combustível renovável no mercado, a necessidade adicional de petróleo é de apenas 1,4 bilhão de barris diários. Sem o etanol, essa demanda subiria para 5 bilhões, sendo que a capacidade ociosa da indústria petrolífera estaria, atualmente, em 2 bilhões de barris diários.

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