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 | 09/08/2008 06h37min

Procurador-geral da República diz que investigação do MP poderá não acrescentar nada

Antonio Fernando de Souza deixou transparecer que os procuradores federais têm informações mais detalhadas sobre um eventual envolvimento de políticos

Robson Bonin e Rodrigo Orengo

A primeira reação do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao ser informado da representação do Ministério Público Estadual sobre a Operação Rodin, foi saber dos colegas do Ministério Público Federal (MPF) no Estado o que estava acontecendo no Rio Grande do Sul. Acompanhando desde o início os trabalhos do MPF em torno da fraude do Detran, Souza ficou surpreso ao saber que uma ação da instância estadual seria enviada aos seus cuidados.

Souza conversou em duas oportunidades com Zero Hora. Evitando comentar o teor das investigações, demonstrou estranheza com a atitude do Ministério Público Estadual (MP) e deixou transparecer que os procuradores federais têm informações mais detalhadas sobre um eventual envolvimento de políticos. A seguir, uma síntese das entrevistas.

Zero Hora - O senhor conhece a representação do Ministério Público Estadual?

Souza - De uma maneira geral, tenho conhecimento há muito tempo desses fatos relacionados ao Detran gaúcho. Mas eu não vi essas gravações, não conheço o conteúdo.

ZH - Qual a sua relação com o caso Detran?

Souza - Já recebi os procuradores federais gaúchos nesse semestre aqui em Brasília. Também estive em Porto Alegre no início de julho para tratar do assunto. Nós começamos a tratar disso quando os procuradores identificaram que as investigações poderiam envolver pessoas com prerrogativa de foro. Eles me passaram essa preocupação e mostraram provas que atingiam essas pessoas.

ZH - Eram provas que comprometiam algum parlamentar?

Souza - Até aquele momento, não havia consistência para fazer uma acusação com elementos sólidos. Mas o trabalho do MPF está sendo muito bem feito. Ele continua sendo realizado com o meu acompanhamento. Quando necessário, estou sempre em contato. O que precisa ficar claro é que, no que se refere às pessoas que podem ser ameaçadas pela nossa investigação, eu estou acompanhando.

ZH - O senhor se refere ao deputado José Otávio Germano?

Souza - Não confirmo o nome. Mas garanto que o trabalho está sendo muito bem feito. Eles ainda não estão investigando parlamentares. Mas se ficar constatado o envolvimento, evidentemente nós faremos a avaliação e encaminharemos o procedimento ao Supremo Tribunal Federal.

ZH - O senhor falou com alguém no Rio Grande do Sul?

Souza - Eu conversei com os procuradores e as informações que eles me repassaram é que essa representação do Ministério Público Estadual se baseia na própria denúncia que o Ministério Público Federal fez. Foi o que me informaram lá do Rio Grande do Sul. Se vir algum elemento novo, ele será considerado. Mas será dentro do contexto que é objeto da nossa investigação no MPF. Poderá não acrescentar nada.

ZH - O trabalho que o senhor considera é o do MPF?

Souza - Os procuradores estão fazendo um trabalho consistente. Até julho, não existia conteúdos que dessem consistência para uma ação frente ao STF. Mas o que é mais importante é que o trabalho está sendo feito com absoluta discrição.

ZH - O senhor fala em discrição. Isso quer dizer que essa representação dos procuradores estaduais interfere no trabalho do MPF?

Souza - Essa é a conduta que eu adoto, sugiro e espero dos meus colegas do MPF. Agora, eu não sei o que foi divulgado lá. Estou trabalhando em sintonia com os meus colegas e sei o que eles sabem. Quando se faz uma imputação e se chama alguém para o juízo penal, temos que partir de elementos que sejam do agrado do nosso convencimento.

ZH - O que o senhor vai fazer quando essa representação chegar as suas mãos, na semana que vem?

Souza - Vou examinar se tem alguma novidade que eu não tenha conhecimento. Se tiver elemento consistente, vamos agregar aos nossos elementos.

ZH - Se houver elementos consistentes, o senhor vai apressar o trabalho do MPF ou vai juntar esses dados à investigação que o senhor está acompanhando?

Souza - Só posso dizer o que farei depois de ler o material que está sendo enviado. Por enquanto, o que posso dizer é que a minha prioridade é o trabalho feito pelo MPF.

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