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 | 07/06/2008 20h09min

Aliados estão surpresos com rapidez das demissões no governo

Exonerações ocorreram menos de uma hora depois da reunião do conselho político neste sábado

Atualizada às 20h11min Adriano Barcelos  |  adriano.barcelos@zerohora.com.br

O destino dos secretários de Yeda Crusius que foram personagens da semana na política gaúcha começou a ser traçado a partir do anúncio de uma reunião do conselho político do governo, ainda na manhã deste sábado. A governadora saiu de casa por volta das 9h30min e foi a primeira a chegar ao Palácio Piratini, às 9h58min. Cerca de dez minutos depois, foi a vez de Carlos Crusius, que foi seguido por Daniel Andrade e Alexandre Postal (PMDB).

Por várias vezes, Yeda caminhou pelo pátio interno do palácio, ora da ala residencial para o Piratini, ora em sentido contrário. Em algumas das passagens, a governadora acenou para os jornalistas e chegou a brincar com os fotógrafos, que pediam um aceno por entre as grades laterais do prédio do governo:

— Eles parecem as crianças — disse, comparando os chamados dos jornalistas aos dos estudantes da fase primária.

Se comparada a postura dos deputados na entrada à adotada ao final da reunião, que, marcada para as 11h, começou apenas ao meio-dia, percebe-se que o resultado foi uma amenização dos discursos. Postal, na chegada, afirmou que há necessidade de mudanças mas sem a possibilidade de impeachment de Yeda:

— Vocês que cobrem futebol: às vezes se pode trocar o técnico e os jogadores, mas não precisa trocar o presidente do clube.

Sérgio Camps de Moraes, secretário-geral do PPS, não demonstrou receio em contrariar as afirmações do ex-chefe da Casa Civil Cézar Busatto nas gravações feitas pelo vice-governador Paulo Feijó de que os partidos se financiam eleitoralmente a partir de estatais.

— Não endosso nenhum tipo de declaração no sentido de práticas políticas que nós condenamos — disse Moraes.

Pouco depois do meio-dia, o porta-voz Paulo Fona veio até os jornalistas para confirmar o que outros assessores já haviam falado informalmente: Yeda faria um pronunciamento por meio das TVs e rádios, de um minuto de duração, a partir das 19h.

Enquanto isso, dentro de uma das salas da ala residencial, a governadora iniciava sua explanação aos deputados. Ela fez um balanço dos fatos políticos da semana, desde as gravações em que o agora ex-secretário Delson Martini é citado por réus do caso do Detran, passando pela carta de Lair Ferst recebida pelo agora ex-representante do Rio Grande do Sul em Brasília, Marcelo Cavalcante, e que tinha a própria Yeda como destinatária, chegando finalmente na gravação feita por Feijó em que Busatto faz comentários sobre financiamentos de campanhas eleitorais no Estado.

Desde o momento em que Yeda começou a falar até o final da reunião, por volta de 15h, ninguém arredou pé da sala. Quando a governadora abriu a palavra, o primeiro a falar foi Rospide Neto, tesoureiro do PMDB, que fez aos presentes uma defesa da legenda.

Os que o seguiram enfocaram muito mais no que avaliaram como uma fragilidade ética de Feijó — o fato de gravar Busatto sem que o ex-secretário soubesse. Os deputados juram que Yeda não adiantou a eles que processaria as quatro demissões ainda neste sábado.

— Ela disse apenas que faria mudanças profundas, mas não nos falou das demissões — afirma o deputado Vilson Covatti (PP).

Outros deputados que estavam na reunião imaginaram que Yeda iria fazer contatos antes das demissões. Alguns achavam que ela faria os anúncios na segunda-feira de manhã, quando haverá uma nova reunião do conselho político.

A presença dos deputados do PP, Silvana e Vilson Covatti agradou à governadora. Depois das declarações de Jerônimo Goergen, presidente progressista, sobre Busatto, a ida dos dois ao Piratini foi interpretada como um gesto importante e valioso de solidariedade ao governo.

Diante dos representantes dos partidos aliados, Yeda demonstrou firmeza e indignação com as atitudes de seu vice, transparecendo que se sentia atraiçoada por Feijó. Passava das 14h quando foi finalmente servido algo para comer: uma canja de entrada, com estrogonofe, arroz e batata palha de prato principal — comido com os pratos sobre o colo, afirmam alguns participantes do encontro.

Clique na foto abaixo e veja a entrevista coletiva de Yeda:



 

 
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