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 | 05/06/2008 16h34min

América Latina culpa subsídios e especulação por crise dos alimentos

Países se transformaram nos principais defensores do “bom etanol”

Os representantes dos países latino-americanos que discursaram na cúpula de segurança alimentar da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que se encerrou nesta quinta, dia 5, concordaram que a culpa da atual crise dos alimentos se deve aos subsídios e à especulação.



Os latino-americanos também se transformaram nos principais defensores do "bom etanol", expressão utilizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que explicou que os biocombustíveis são como o colesterol: "há o bom etanol e o mau etanol".

Entre os múltiplos fatores que desencadearam o aumento dos preços agrícolas, os países da América Latina negaram que a produção dos biocombustíveis seja uma das causas, já que, para muitos, é uma grande oportunidade para combater o aumento do preço do petróleo. Enfatizaram também que deve haver distinção entre o biocombustível extraído da cana-de-açúcar e da palma africana e que é "inaceitável" o uso de cereais básicos como o milho para sua produção.

Na cúpula, a ONG Oxfam denunciou que Europa e Estados Unidos dedicaram 80 bilhões de euros em 2006 para subsidiar seus camponeses, o que distorce o mercado e diminui as oportunidades para os Estados mais pobres. Por isso, o embaixador da Bolívia perante a FAO, Julio Pantoja Salamanca, propôs que os países ricos transfiram seus subsídios agrícolas para os mais pobres, com o objetivo de criar um "fundo mundial" para estimular uma "década produtiva com mais e melhores alimentos".

Para o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, a atual crise dos alimentos pode se transformar "em uma grande oportunidade para o setor produtivo nacional" e substituir, assim , a importação de produtos agropecuários provenientes do mercado internacional. Fernández acrescentou que isso pode fracassar se "os subsídios generalizados à produção e exportação de produtos agropecuários por parte dos países desenvolvidos" continuarem.

O vice-presidente de Cuba, José Ramón Machado Ventura, acusou os países desenvolvidos de se negarem a eliminar "os escandalosos subsídios agrícolas, enquanto impõem suas regras ao comércio internacional". Além disso, o vice-presidente cubano criticou as "vorazes transnacionais" de estabelecer preços que "monopolizam as tecnologias, impõem certificações injustas e manipulam os canais de distribuição".

Na árdua negociação entre os países para aprovar a declaração final, um dos problemas foi a oposição de alguns países desenvolvidos em condenar o protecionismo ao setor agrícola nacional. Para a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, os culpados da especulação são os "pools de plantio", empresários que controlam conjuntos de terras.

– Na Argentina, um pequeno poupador pode obter até 30% de lucro quando investe em um 'pool' de plantio' o que significa um ganho incrível no mundo atual – afirmou Cristina.

O secretário de Agricultura do México, Alberto Cárdenas Jiménez, concordou com Lula sobre o "etanol bom e etanol ruim" e anunciou que seu país também começará a produzi-lo a partir da cana-de-açúcar. Cárdenas Jiménez também mostrou a rejeição de seu país aos combustíveis extraídos de cereais cultivados graças aos auxílios concedidos pelos governos dos EUA e da União Européia (UE).

Para a Guatemala, é um "pecado" que alguns cereais básicos para a alimentação sejam usados para produzir biocombustível, como disse o ministro da Agricultura do país, Raúl Robles. Ele explicou que a Guatemala não é contra os biocombustíveis porque eles são uma alternativa para reduzir o preço do petróleo, mas que devem ser produzidos "apenas a partir de outras matérias-primas como cana-de-açúcar, palma africana, pinhão-manso e outras espécies que não ponham em perigo a alimentação do planeta".

AGÊNCIA EFE
 
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