A discussão sobre o encarecimento de alimentos em conseqüência da produção de etanol tem ganhado espaço, mas realidade é diferente do que se tem divulgado, conforme análise do secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Uberaba José Humberto Guimarães.

Para Guimarães o debate sobre a questão alimentar é importante, mas não atrela ao etanol e aos biocombustíveis o problema de aumento de preço.

– Até que enfim a questão alimentar é um item de discussão no planeta. Sabemos que 1/5 da população mundial passam fome, mas quem deveria discutir o assunto não discutia, seja por subestimar o problema ou por não achá-lo prioridade – enfatiza.

Segundo ele, a produção do etanol e dos biocombustíveis vão trazer grandes benefícios e, consequentemente, mais progresso, de uma forma geral.

Produção de etanol brasileiro

De acordo com o secretário de Agricultura, hoje, especialmente no Brasil, é possível produzir etanol a partir da cana-de-açúcar atendendo todas as necessidades da população e contribuindo beneficamente para o meio ambiente, pois através dele é gerado um combustível limpo (álcool).

Conforme a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Uberaba no Brasil existe cerca de 63 milhões de hectares plantados com culturas de grãos e pode-se dobrar esta área de plantio em regiões com infra-estrutura de transportes e corretivos agrícolas e fertilizantes, sem prejuízos também para qualquer outra atividade.

– Podemos plantar em cima de pastos degradados-, diz ele, ressaltando que no Brasil existem cerca de 210 milhões de hectares de áreas de pastagem e, mais da metade em estado avançado de degradação, com baixa capacidade produtiva de forragem, muita erosão e invasão de ervas daninhas. Sendo assim, estas áreas podem ser utilizadas para plantio de grãos e cana de açúcar.

Produção em Uberaba

Quanto a Uberaba, José Humberto Guimarães diz que o município tem 454 mil hectares de terras e deste total 150 mil hectares são ocupados com lavouras de grãos. Tem ainda 65 mil hectares de cana e 124 mil de pastagens, sendo que metade desta área está degradada e apta para o plantio/produção de grãos.

– A previsão é de que teremos até 2012 mais 35 mil hectares de cana para atender as três usinas instaladas no município-, acredita Guimarães. O secretário explica que esta expansão será feita em áreas de pastos degradados e lavouras de grãos, sem prejudicar ou reduzir a produção de milho ou soja.

Para ele, nunca se viu um cenário tão favorável para o Brasil e, em especial para Uberaba, para a produção de alimentos como agora.

– Os grãos têm seus estoques mais baixos na história e nossa região tem aptidão para produzir milho e soja, dois dos cinco produtos mais consumidos do mundo – lembra.

O secretário destaca ainda que na região do Vale do Rio Grande, que está no coração do Brasil, pode se instalar ainda um milhão de hectares de lavouras, visto que a região tem dois milhões e meio de hectares.

– As perspectivas são as melhores possíveis-, conclui Guimarães, discordando daqueles que atrelam o encarecimento de alimentos às lavouras de cana de açúcar e, consequentemente, a produção de etanol e biocombustíveis.