| 15/04/2008 08h13min
O Brasil não corre risco de enfrentar escassez de alimentos por causa do cultivo de áreas para a produção de biocombustível, assegurou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Ele reagiu às declarações do suíço Jean Ziegler, diretor de Direito à Alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU), que nessa segunda-feira, dia 14, classificou a produção de biocombustíveis como “crime contra a humanidade”.
– A produção de biocombustível não é crime contra a humanidade, desde que seja planejada de forma correta, como o Brasil está fazendo, com uma política energética definida e a criação do zoneamento agroecológico ambiental – disse o ministro.
Segundo Stephanes, não há, no Brasil, competição entre a produção de etanol e de alimentos. Isso porque, na sua avaliação, a política energética brasileira é claramente definida e a cana-de-açúcar é a matéria-prima mais adequada para o combustível, com custos baixos e sem a necessidade de subsídios para ser produzida.
Para o ministro, a prova de que o desequilíbrio mundial na produção de comida não afeta o Brasil é que o país consegue assegurar alimentos para toda a população e, a cada ano, ampliar o excedente para exportação.
– O Brasil concentra 50% das exportações de carne, 50% das de açúcar, 40% das de café e lidera o mercado mundial de sucos – ressaltou.
– Nossa participação nas exportações está crescendo mais que a dos Estados Unidos.
Em relação ao biodiesel (combustível extraído principalmente de mamona, dendê e babaçu), o ministro afirmou que também não existe risco de falta de alimentos, porque todo o avanço na produção se dá em áreas de pecuária. Nesse caso, destacou Stephanes, a produção de carne não é afetada, porque os pastos passam a ser melhor aproveitados.
– O Brasil tem hoje 0,6 boi por hectare, quando o correto seria pelo menos 1,5 boi. Teoricamente, podemos aumentar a produção de carne, reduzindo a área de pastagem – argumentou.
De acordo com o ministro, os biocombustíveis representam ameaça à oferta de alimentos apenas nos países desenvolvidos, sem matéria-prima e que têm de subsidiar a energia limpa (não-poluente). Nos Estados Unidos, informou Stephanes, os subsídios ao etanol de milho equivalem a pelo menos o valor da produção. Lá, enfatizou, os custos representam o dobro em relação ao álcool combustível extraído de cana-de-açúcar no Brasil. Na Europa, acrescentou, o custo chega a ser três vezes superior:
– Os subsídios elevados é que provocam distorções na oferta de alimentos.
Na avaliação do ministro, o principal fator do encarecimento dos alimentos no mundo não são os biocombustíveis, mas a escalada no consumo de comida por países em desenvolvimento, principalmente China e Índia, onde a população passou a comer melhor.
– Há 15 anos, a China não importava um grão de soja. Hoje, entre óleo, grãos e farelos, ela compra 80 milhões de toneladas, o que equivale a um crescimento de 23% ao ano – comparou o ministro.
– Enquanto isso, o Brasil só consegue aumentar a produção agrícola, em média, 5% por ano.
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