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 | 13/02/2008 17h40min

Ministro diz que frigoríficos exportaram carne bovina não-rastreada

Segundo Reinhold Stephanes embargo europeu tem motivações comerciais, e não sanitárias

Audiência da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) discutiu nesta quarta, dia 13, o embargo da União Européia às exportações brasileiras de carne bovina. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, admitiu que alguns frigoríficos nacionais venderam produto não-rastreado.

– Hoje eu tenho certeza disto: eles (frigoríficos) exportaram para a União Européia carne rastreada e não rastreada – disse o ministro.

Segundo a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) , "a declaração é grave e mostra que há muitas falhas no Sisbov e que o governo precisa rever esse sistema"

Após mais de três horas de conversas com pecuaristas, lideranças do setor e indústrias, o ministro evitou falar novamente no assunto. Disse que os desentendimentos entre Brasil e União Européia já são bem conhecidos pelas duas partes,e que o Ministério da Agricultura pode adotar uma nova estratégia para lidar com a crise comercial no setor de carnes.

– Passada essa crise, o segundo momento é pensar em revisar esse sistema de rastreabilidade. Vamos chamar todos para conversar. Só depois é que vamos mudar a estratégia e remodelar o sistema – afirmou o ministro.

Stephanes defendeu que os frigoríficos "assumam uma posição de liderança quanto a essa questão, apoiando os produtores que vendem carne rastreada". O ministro reiterou que não há riscos na carne exportada pelo país, e que o embargo tem motivações comerciais, e não sanitárias. Ele afirmou que os produtores europeus de carne - liderados, entre outros, pelos irlandeses - definiram já há alguns anos o Brasil como "inimigo" comercial no setor. De acordo com o ministro, "o mercado europeu está sob pressão interna (dos produtores locais) e  busca encontrar qualquer oportunidade para barrar a carne brasileira, que é mais barata".

– O que está em questão hoje não é a qualidade nem a sanidade do produto nacional, mas uma questão burocrática de rastreabilidade – argumentou ele, acrescentando que o sistema de rastreamento que a União Européia exige para o Brasil foi desenvolvido para detectar casos como a doença da vaca louca, que causou mortes naquele continente, mas que nunca foi registrada no Brasil.

Segundo Stephanes, essas exigências burocráticas do rastreamento envolvem cerca de 25 itens, como nota fiscal dos alimentos, nota fiscal das vacinas, referências aos "brincos" (que contém códigos de identificação) e a idade com que os bezerros receberam tais brincos.

Assim como o ministro, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) também declarou que o Brasil "não apresenta neste momento nenhum problema sanitário, mas sim burocrático".

Parlamentares defendem reações mais imedidatas

Por causa da crise comercial das carnes entre Brasil e União Européia, o partido Democratas sugeriu um projeto de decreto legislativo de autoria do deputado goiano, Ronaldo Caiado. A proposta prevê a "desautorização" e "desqualificação" da chamada lista de propriedades aptas, que foi imposta pela União Européia.

A sugestão do deputado é iniciar uma nova negociação sem a indicação das propriedades para que 24 mil fazendas não fiquem fora do mercado europeu. Mas, Segundo o governo, a estratégia, pelo menos por enquanto, é de tentar atender as exigências dos europeus para que não ocorra uma reação em cadeia no mercado internacional contrária à compra de carne brasileira.

AGÊNCIA SENADO E GUSTAVO BERNARDES/BRASÍLIA
Antonio Cruz, ABr / 

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, participa de audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado
Foto:  Antonio Cruz, ABr


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