Em um discurso pelo 14º aniversário do fim da guerra Irã-Iraque, o presidente iraquiano, Saddam Hussein, afirmou nesta qunta-feira, 8 de agosto, que todo o ataque contra os árabes e muçulmanos está condenado ao fracasso, e pediu a cooperação de todos os países árabes contra uma possível ação dos EUA.

No pronunciamento de 22 minutos transmitido pela televisão, Saddam afirmou que não teme as ameaças americanas de derrubá-lo e que quem atacar o seu país estará "cavando a própria cova" e cometendo uma agressão a todos os países árabes.

– As forças do mal vão trazer seus caixões nas costas, morrer num desgraçado fracasso, levando seus esquemas de volta consigo, ou cavando suas próprias covas – ressaltou ele.

Os Estados Unidos acusam Saddam de desenvolver armas de destruição em massa e prometem usar todas as ferramentas possíveis para derrubá-lo. A possibilidade de um ataque militar desagrada a vários aliados dos americanos, principalmente os árabes.

Ele também voltou a oferecer uma negociação com a Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito da retomada das inspeções sobre armas no país, mas cobrou do Conselho de Segurança respostas a questões políticas e técnicas apresentadas neste ano. As inspeções são um pré-requisito para o fim das sanções ao país, impostas em 1990, depois que tropas iraquianas invadiram o Iraque, dando início à Guerra do Golfo (1990-1991), e também uma maneira de ganhar mais apoio externo, que evite um ataque.

Saddam aproveitou para elogiar os palestinos por sua resistência a Israel e cumprimentar a "todos os honrados guerreiros dos fiéis que encontraram seu Deus com um coração puro". Ao ex-inimigo Irã, apelou para enterrar o passado e começar a construir relações normais com o Iraque.

– Lamentamos o que aconteceu e desejamos que isso não tivesse acontecido. Mas não há mais ódio ou maldade – observou Saddam sobre a arrasadora guerra Irã-Iraque (1980-88), na qual morreram mais de 1 milhão de pessoas.