Floripa 284 anos | 19/03/2010 19h57min
Diário Catarinense — Quantos anos você tem?
Jurerê — Mas que indiscreto! Digo que renasci há exatos 30 anos.
DC — Como assim?
Jurerê — Minha história começou assim: até 1978 eu era uma praia comum. Foi quando o ex-governador do Estado Aderbal Ramos da Silva vendeu 495 hectares, parte do que sou hoje, para Péricles de Freitas Druck, dono da empresa Habitasul, empresa gaúcha do ramo imobiliário. Em 1980, recebi o primeiro tijolo. E agora, passadas três décadas, sou um dos metros quadrados mais caros do país e eleita a praia-símbolo da cidade.
DC — Quem vai até você procura o quê?
Jurerê — Sonhos! Me tornei terra de sonhos. Quem passa pelas espaçadas avenidas deseja, se imagina dentro, faz planos admirando as
mansões, que podem custar até R$ 15 milhões. Vejo pessoas parando na frente das residências para bater fotos, levar um pouco da
riqueza, nem que seja apenas num pedaço de papel. Claro, muitos também vêm por causa da praia, pelo mar tranquilo e areia sempre limpa.
DC — Percebi que você não tem sotaque de manezinho.
Jurerê — Táis tolo, nego? (Risos). Me acostumei com a diversidade. Aqui tem de tudo um pouco. Empresários, jogadores de futebol, artistas, príncipes árabes, astros de Hollywood... Migram dos mais variados países: França, Itália, Portugal, Turquia... Tem manezinho também, mas a mistura é muito grande.
DC — Como você se tornou tão independente?
Jurerê — Para ter uma ideia, nem água da Casan usamos. Temos captação própria. Já viu lixo na rua ou na praia? Temos sistema de coleta terceirizado. A Associação de Proprietários e Moradores de Jurerê Internacional (Ajin) arrecadada a contribuição, que é
espontânea. O dinheiro mantém essa qualidade de vida.
DC — Aqui as pessoas
vivem no BBJ?
Jurerê — Não entendi!
DC - Vivem no Big Brother Jurerê...
Jurerê — Ahhhhh (risos), entendi! Num lugar onde casas de alto padrão nem muros têm, se faz necessário um esquema de segurança próprio. Temos 20 câmeras no bairro, nenhum ponto cego. Entrou aqui, já está sendo monitorado. Isso também tem seu custo, claro. Estou te falando, somos independentes, apesar de Jurerê Internacional e Jurerê Tradicional serem, para a prefeitura, um bairro só.
DC — Me fale dos seus números.
Jurerê — O meu amigo Aluísio Dobes, presidente da associação de moradores, me disse que temos 1,2 mil casas e 5 mil moradores permanentes. Este último dado quadruplica durante a temporada de verão. Também temos cerca de 50 prédios, totalizando 1,3 mil
apartamentos. Temos Plano Diretor próprio. Existem locais específicos para cada tamanho de construção.
DC — Ea relação com a natureza?
Jurerê — Recebemos, em 2009, a Bandeira Azul, um selo de reconhecimento pela conscientização ambiental. Somos a única praia da América Latina a receber este selo.
DC — Então você não é pra qualquer um?
Jurerê — Não é bem assim. Todo mundo pode me visitar. Tenho acesso à praia, amplas avenidas e vagas de estacionamento. Temos opções para jovens, aposentados e crianças. Aqui você pode encontrar uma Ferrari ao lado de um carrinho mais velho. Um grande amigo meu é o João Terrest de Oliveira. Ele é caseiro de uma das casas daqui e ajuda a me deixar mais bela. O João é uma das provas de que me dou com todo mundo, pois gosta daqui como ninguém.
Mais sobre Jurerê
:: Lazer — São cinco beach clubs,
três boates e sete restaurantes, além de uma praça de alimentação.
:: Jurerê Internacional faz parte do
Bairro Jurerê, onde estão os moradores mais antigos.Essa parte abriga o Iate Clube de Santa Catarina, com um trapiche.
:: Distância — Está a 25 quilômetros do Centro da Capital e é vizinha das praias do Forte, Daniela e Canasvieiras.
:: Bandeira Azul — Certificação dada para as praias onde o ambiente é respeitado. Ela é atribuída anualmente pela Fundação para a Educação Ambiental (FEE). As praias e marinas que recebem a bandeira, que existe desde 1987, são consideradas um símbolo de qualidade ambiental.
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