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Eleições  | 14/09/2010 21h17min

Lula age como "militante e chefe de facção", diz Fernando Henrique

FHC afirma que suspeita de lobby na Casa Civil é "novo mensalão"

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem agido como "militante e chefe de facção" durante a campanha eleitoral e defendeu que o Supremo Tribunal Federal (STF) atue para impedir esses excessos.

Em entrevista ao Rede Mobiliza, portal de internet do PSDB utilizado para interagir com os eleitores, FHC acusou Lula de "extrapolar" e afirmou que ele abusa do poder político.

— Eu vejo um presidente que virou militante, chefe de uma facção política, e acho que isso esta errado — afirmou. — Acho até que caberia uma consulta ao STF porque, se você não tiver instrumentos para conter essa vontade política, fica perigoso. Alguma instância tem de dizer que presidente está extrapolando e abusando do poder político de maneira contrária aos fundamentos da democracia.

Fernando Henrique criticou também as recentes declarações de Lula, segundo as quais o DEM é um partido que deve ser "extirpado" da política brasileira.

— Claro que tem de ter posição e defender ideias, mas outra coisa é querer massacrar o outro lado. Acho que isso ultrapassa o limite do Estado democrático de direito — disse.

O ex-presidente afirmou que Lula age com "autoritarismo".

— Acho que, na medida em que o presidente quer eliminar o competidor, liquidar, ele quer o poder total. É autoritarismo isso, não tem outra palavra. É uma tremenda vontade de poder que se expressa de forma incorreta. Um presidente não pode fazer isso.

O ex-presidente teceu comparações entre sua postura, em 2002, quando José Serra (PSDB) também concorreu à Presidência, e a de Lula, neste ano, em relação a Dilma Rousseff (PT).

— Eu apoiei Serra, mas não fiz isso (extrapolar os limites), nunca, porque quando o presidente fala envolve o prestígio dele não como líder de um partido, mas da instituição que ele representa.

FHC chegou a comparar Lula ao ex-primeiro-ministro italiano Benito Mussolini, que também tinha grandes índices de popularidade.

— Faltou quem freasse Mussolini. Claro que o Lula não tem nada a ver com o Mussolini, mas o estilo "eu sou tudo e quero o poder total" não pode. Ele tem de parar.

Quebra de sigilo

Ao falar sobre a quebra do sigilo fiscal de integrantes do PSDB e familiares de Serra, FHC deu a entender que o episódio não tem sido bem explorado pela campanha tucana.

— Sigilo fiscal pouca gente vai entender, até porque pouca gente preenche o formulário da Receita — afirmou. — Sigilo fiscal é uma palavra abstrata. Nesse sentido, temos de ser claros: é um acúmulo de coisas erradas, você se sente violado, sua vida devassada. Isso o povo entende. Se você disser que estão entrando na sua vida privada, na vida da sua família, que amanhã vai ter fiscal entrando nas suas coisas, vendo o valor do seu salário na sua carteira de trabalho, falsificando documentos em seu nome para criar intrigas — recomendou.

Cheque em branco

FHC disse ainda que é preciso esclarecer a população sobre a interação entre a Casa Civil e a Presidência da República e até propôs um novo slogan para o caso:

— "É o mensalão de novo". Tem de falar assim, que o homem (Lula) estava ao lado, como não viu ou não ouviu? Tem de dizer claramente: é uma sala ao lado da do presidente em que ficam tramando para beneficiar empresas. Não pode falar lobismo que ninguém entende — afirmou.

O ex-presidente disse ainda que a campanha não acabou e cobrou dos militantes um trabalho diário e persuasivo a amigos e familiares.

— Campanha é todo dia, o dia inteiro, até o final. Tem de ter fé e convencer os outros. Ninguém ganha de repente, sem persistência. Tem de estar na luta o tempo todo e tentando mudar a opinião dos outros, se for o caso — afirmou.

Sem citar o nome de Dilma, ele disse que votar na candidata corresponde a assinar um cheque em branco.

— Agora é hora de buscar o voto. Tem de bater o bumbo mesmo, vão dar um cheque em branco? O nosso candidato tem história, realizações e futuro.

O ex-presidente voltou a criticar a ocupação de cargos públicos por membros do PT e comparou a ação dos militantes a de cupins.

— As agências reguladoras não regulam mais nada, estão penetradas por interesses partidários. É como um cupim, vai comendo por dentro e, quando você acha que é uma tora, aperta e está oco.

FHC disse ainda que, para Lula, "tudo é terra arrasada".

— Ele diz que começou com tudo. Eu não tenho esse temperamento. As bases do governo foram lançadas no passado.

Agência Estado
 

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