Eleições | 22/06/2010 22h55min
Ao abrir mão da pré-candidatura ao governo e anunciar apoio a Raimundo Colombo (PMDB), o ex-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) provocou as mais diversas reações no Twitter. Surpresa de aliados, críticas de adversários, bate-boca entre assessores e familiares de políticos — as manifestações mostraram que a corrida eleitoral não será mais como antigamente.
A linguagem simples, com textos de até 140 caracteres, e a facilidade de atualização pela internet e o celular, fizeram o site virar mania entre os políticos catarinenses. Os pré-candidatos ao governo estadual Angela Amin (PP), Ideli Salvatti (PT) e Raimundo Colombo (DEM) têm os seus, assim como o governador Leonel Pavan (PSDB) e o desistente Pinho Moreira. Assim como eles, deputados, prefeitos, vereadores e incontáveis assessores.
A presença maciça de políticos no Twitter acaba muitas vezes fazendo a linha entre o institucional e o pessoal ser rompida. As primeiras reações vieram de peemedebistas defensores da candidatura própria e de tucanos que se sentiram desprestigiados com o apoio de Pinho Moreira a Colombo.
Dias antes, o peemedebista classificara como "piada" a oferta de Pavan para que fosse vice de sua campanha à reeleição. A insatisfação tinha nome, sobrenome e parentesco: Leonel Junior Pavan, filho do governador.
— Se era piada ser vice do PSDB que apoiou eles durante oito anos e deixou todos no cargo no governo. E agora o Pinho Moreira fechando com DEM é o quê? — questionou Pavan Junior em uma das tuitadas que demonstravam o descontentamento de parte dos tucanos.
O pai não foi explícito, mas em meio a anúncio de realizações do governo e viagem, deixou seus recados.
— Quem sofre o mal pode esquecer, eu já esqueci alguns, mas quem faz dificilmente esquece — disse.
No PMDB, a tônica era a surpresa.
— Brincadeira! Eduardo não é mais candidato ao governo. Inacreditável! Jesus, me abana — disse, em maiúsculas, a deputada estadual Ada de Luca, pouco depois do anúncio.
Lugar para trocar farpas
O Twitter talvez foi palco de troca de farpas entre assessores e políticos. Indignado, Alexandre Benedet, que foi candidato a prefeito de Garuva, no Norte do Estado, em 2008, reagiu à decisão de Eduardo Pinho Moreira. As tuitadas acabaram em uma discussão com o secretário estadual de Comunicação, Derly Anunciação, que defendeu a coligação em torno de Raimundo Colombo.
— Por causa de pessoas iguais a mim que lutaram pra eleger o LHS que tu está mamando há 7 anos no governo. Parasita — disse.
— Seu babaca. Não quero mandar em nada. Apenas tenho opinião e respeito à democracia — respondeu Derly.
Entre os tucanos, a revolta era com o fato de que o acerto entre PMDB e DEM acabaria com as chances de Leonel Pavan (PSDB) encabeçar a tríplice aliança.
— Antes só do que mal acompanhado! Confio nos meus, pois os outros são para mim como chacais — dizia Olimpierri Mallmann, assessor do PSDB-SC.
Presidenciáveis não deixam de usar
Considerado o guru da presidenciável Dilma Rousseff (PT) na internet, Marcelo Coelho relativiza a importância e o impacto das novas ferramentas na campanha. Para ele, uma declaração infeliz pode ser dada nos 140 toques do Twitter ou em uma entrevista a rádio ou jornal, com o mesmo potencial de ser explorada politicamente por adversários. Quando a petista criou seu perfil no microblog, a orientação foi de que fosse espontânea.
— O perfil do Twitter é como a pessoa é ou como a pessoa gostaria de ser vista. A orientação que demos à Dilma é para ela seja a Dilma. O Twitter dela vai ser diferente do do Serra, que passa a madrugada acordado e tuíta. Ela dorme de madrugada, tem outros hábitos.
Dos presidenciáveis, José Serra (PSDB) é o que mais utiliza a ferramenta. Conhecido pela insônia, o tucano utiliza o Twitter principalmente nas madrugadas. Marina Silva também está no site e acabou gerando polêmica na sexta-feira por conta da interpretação dada a uma de suas tuitadas. Depois de fazer referência à morte do escritor José Saramago, ela retransmitiu tuitadas de dois seguires que criticavam o ateísmo do português.
Em seguida, a pré-candidata, que é evangélica, disse que "temos que amar e respeitar todas as pessoas, mesmo as que não respeitam a nossa fé". Mesmo assim, o fato de ter "retuitado" as mensagens levou outros usuários a entenderem que ela endossava as opiniões. Para Marcelo Branco, esse tipo gafe deve ser minimizado logo após a correção.
— Uma gafe como essa pode ser corrigida imediatamente. Existe muita forçação de barra. E o jogo político, claro.
Estilo espontâneo
— Não sei onde buscam as mentiras de que eu cederia a cabeça de chapa para o governo do Estado. Qual uma razão apenas para tal?
Essa foi apenas uma das várias vezes em que Eduardo Pinho Moreira usou o Twitter para reiterar que não abriria mão da candidatura ao governo estadual. A frase foi escrita no dia 9 de junho, cinco dias antes do anúncio da desistência em nome de Raimundo Colombo. Usuário costumeiro do microblog, Pinho Moreira conta que a reação foi maior que o esperado, mas que a maior parte era de apoio à decisão.
— Ali tem pessoas honestas querendo dar seu posicionamento e tem pessoas que estão ligadas a interesses de outros partidos e candidatos. Eu encaro com muita tranquilidade — afirma.
O peemedebista diz que usa o Twitter de forma espontânea e que não vai mudar o estilo. Nem apagar as antigas mensagens, embora saiba que elas podem ser utilizadas politicamente após a desistência.
— Isso já está sendo usado, mas todo mundo sabe que o momento é diferente. O mais forte é aquele que tem coragem de mudar.
Algumas tuitadas |
Leonel Pavan (@leonelpavan) governador |
---|
"Quem sofre o mal pode esquecer, eu já esqueci alguns, mas quem faz dificilmente esquece." "Uma vez é acaso, duas é coincidência, três é ação inimiga." Zélia Cardoso de Mello |
Derly Anunciação (@derlymassaud) em resposta a Alexandre Benedet, crítico da aliança com o DEM |
"Seu babaca. Apenas tenho opinião e respeito a democracia." |
Rogério Peninha Mendonça (@deputadopeninha) deputado estadual, minutos antes da reunião do partido, na quinta-feira. |
"Indo para a reunião da executiva estadual do PMDB. Vai pegar fogo." |
Antônio Carlos Sontag (@Sontag_AC) candidato a governador em 2006 pelo PSB. Está no PP. |
"Ou alguém aqui tem dúvidas de que essa retirada do Pinho Moreira, em favor do DEM, foi muito bem recompensada!!! Só cego não vê!!!" |
Maurício Peixer (@MauricioPeixer) vereador de Joinville pelo PSDB. |
"É muito estranho o PMDB e o DEM anunciarem a união para as eleições de 2010 sem a presença do principal parceiro, o PSDB, faltou respeito." |
Leonel Junior Pavan (@junior_pavan) filho do governador |
"Incrível. Cadê a lealdade que o PSDB sempre teve durante 8 anos com o PMDB, abrimos mão durante duas vezes para apoiar eles." |
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.