| 08/01/2010 09h18min
Em fevereiro de 1989, ele fez dois gols pelo Inter no Gre-Nal do Século. Valeu vaga na final do Brasileirão. O jogo é uma das maiores chagas que os gremistas carregam. Pois dez meses depois, uma cena surreal no aeroporto: a torcida tricolor recebeu o carrasco nos braços.
E Nilson correspondeu. Foi o artilheiro do hexa gaúcho. Da relação de amor e ódio sobreviveu um ídolo. Por isso, ele é o camisa 9 eleito pela torcida para a série “O que faz da vida”, que acaba amanhã.
Ter sido herói e vilão das duas torcidas gaúchas em tão pouco tempo pode render glórias a Nilson. Afinal, renderia um bom filme, um bom livro. E o lançamento, quem faria? O personagem responde:
– Hoje sou promotor de eventos! E me orgulho do que fiz por Inter e Grêmio.
Nilson, aos 44 anos, mora em São Paulo. O futebol serve apenas de diversão nos sábados, quando veste a camisa do master do Corinthians.
A rotina é diferente:
– Vivo
no celular, agendando shows musicais e eventos esportivos.
O
futuro de Nilson, porém, deve mudar em breve. Pretende aventurar-se na vida de treinador.
– Mas farei cursos. Não adianta só ter jogado. É preciso saber gerenciar pessoas – afirma Nilson.
Vestiu três camisas a cada dois anos
E contatos não faltam. Em 18 anos, vestiu 27 camisas – média de três clubes a cada dois anos, com passagens por Peru, Espanha e México. Atuou em nove dos 20 clubes que hoje estão na Série A.
– A inflação era alta, e fazia contratos curtos para não perder grana.
Hoje, mantém esta prudência nos negócios. Azar seu que, num grande momento da vida, caiu em tentação. Foi antes de bater o pênalti que poderia valer vaga ao Inter na final da Libertadores de 1989. Contra o Olimpia, quando estava 2 a 2, Nilson perdeu um pênalti. O empate já bastava ao Colorado. Mas o time paraguaio fez 3 a 2 e ganhou nas penalidades.
– Uma voz me disse para bater na direita. Mas eu
sempre batia no canto esquerdo! Ouvi a voz e errei. Agora, só sigo minhas
convicções.
Ficha do ídolo
Nome: Nilson Esidio, 44 anos (19/11/1965, em Santa Rita do Passa Quatro-SP)
Onde mora: São Paulo, com a mulher Marielza e os filhos Lucas e Larissa
O que faz: empresário de eventos
Ano da estreia: 1985, Sertãozinho-SP
Ano do adeus: 2003, Nacional-SP
Clubes como atleta: Sertãozinho, Platinense-SP, Ponte Preta, XV de Jaú-SP, Inter (1988 a 1989), Celta-ESP, Grêmio (1990 a 1991), Portuguesa, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Albacete-ESP, Valladolid-ESP, Palmeiras, Vasco, Tigres-MEX, Atlético-PR, Sporting Cristal-PER, Atlético-MG, Santo André, Universitario-PER, Santa Cruz-PE, Rio Branco-SP, Portuguesa Santista, Sorocaba-SP, Flamengo-SP e Nacional
Títulos no Grêmio: Gauchão e
Supercampeonato Nacional (1990)
Títulos no Inter: nenhum
Fundo do baú
O jogo da vida: pelo Inter,
é o Gre-Nal do Século (12/2/1989, semifinal do Brasileirão). Vencemos de virada, com dois gols meus. Pelo Grêmio, me orgulho de dois clássicos que ganhamos por 1 a 0 com gols meus em 1990.
Alegria no futebol: ter vestido 27 camisas e feito gols com todas elas.
Se pudesse voltar no tempo: não bateria aquele pênalti contra o Olimpia do Paraguai (semifinal da Libertadores de 1989). Foi uma noite muito triste após a eliminação.
Aprendizado na pior derrota: aprendi, naquele desastre contra o Olimpia, a ser mais convicto e decidido sobre executar no jogo o que treinamos.
Nilson faz pose ao lado da filha Larissa, da mulher Marielza e do filho Lucas
Foto:
Nilson Esidio, arquivo pessoal
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