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 | 02/05/2009 14h10min

Um recordista da seleção espera por chance no Inter

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

















Há um jogador no Inter que detém um recorde ao mesmo tempo impressionante e perturbador.

Por que impressionante?

Nunca, em toda a história do futebol brasileiro, desde que o paulistano do Brás Charles Miller trouxe da Inglaterra a semente para germinar o reino da bola na terra dos tupinambás, nunca mesmo, um adolescente recebeu tantas convocações para defender as seleções de base da CBF como o meia Tales Tlaija de Souza. Recorde absoluto, conforme rezam os dados estatísticos da entidade.

Aos 19 anos, já foi chamado 74 vezes. Quando for relacionado para o Mundial Sub-20 do Egito, em setembro, serão 75. Tales conhece o mundo inteiro. Coréia do Sul, Japão, Catar, Portugal, Holanda, Espanha, Estados Unidos, a América do Sul quase toda. Conferindo no passaporte, faltam África e Oceania para dizer que, antes de completar duas décadas de vida, já pisou nos cinco continentes. Tales tinha 14 anos quando vestiu a camiseta da seleção brasileira pela primeira vez. A última foi este ano, no Sul-Americano Sub-20, na Venezuela.

Por que perturbador?

Apesar desta trajetória impressionante, Tales nunca ganhou uma chance entre os profissionais. Está treinando no grupo principal, mas ainda não recebeu do Inter o tratamento diferenciado destinado aos jovens talentos. E nem dá para dizer que sua história se restringe a CBF. Ele e Alexandre Pato formaram dupla demolidora nas categorias de base. O próprio Pato costuma dizer que cansou de fazer gols graças aos passes de Tales, que já foi chamado de "futuro Zico" nos bastidores do Beira-Rio, não apenas pela altura (1m68cm) e a camisa 10 às costas, mas pela habilidade. Pato e Tales assinaram contrato com a Nike mais ou menos no mesmo período, inclusive. Pato virou celebridade mundial no Milan. Tales se recupera de lesão muscular na coxa esquerda e não joga há três meses.

— Pode ser que este ano apareça uma chance no Brasileirão. Tenho esperança — suspira Tales, com quem conversei no pátio do Beira-Rio, ele sentado no banco do motorista de seu carro, aparentando alguma tristeza com a carreira que não engrena no Inter, eu de pé.

É difícil saber se Tales, cujo contrato termina em janeiro de 2012, vai ou não engrossar as estatísticas dos jogadores que são craques na base e, no mundo adulto dos profissionais, caem na vala comum.

Só há uma maneira de saber: é vê-lo em ação.

(Foto: Emerson Souza, Banco de Dados, 13/12/2006)



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