Leandro Damião apenas trocou de camiseta. A rotina continuou quase a mesma. Se não fosse a trave, o centroavante do Inter seria tão decisivo na Seleção Brasileira quanto costuma ser pelas bandas do Beira-Rio. Damião conseguiu se salvar em meio a um Argentina 0x0 Brasil que, de Superclássico das Américas, só teve o nome na noite desta quarta-feira, em Córdoba. De "azarão" na lista de Mano Menezes, o camisa 9 passa a reivindicar o espaço cativo nas convocações e retorna ao Inter fortalecido.

_Damião em números

Jogou 92 minutos
2 finalizações das 5 do Brasil
1 cruzamento
1 falta recebida

Neymar, Ronaldinho? Não, os microfones só procuravam Damião após o empate sem gols. Isso porque saiu de seu pé direito as duas melhores chances do Brasil. Aos 12 minutos do primeiro tempo, recebeu cruzamento de Neymar e, com o gol à feição, acabou chegando um pouco atraso e acertou a bola com a canela. Ela explodiu na trave.

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Uma pena. Damião lamentaria ainda mais a chance perdida se soubesse que jamais seria municiado pela estrelada dupla Ronaldinho e Neymar. Acabou isolado entre os brutamontes Seba e Desabato. Encarou solitários os argentinos até na briga. Aos 27, irritou-se com a marcação de Seba e foi tirar satisfações.

— A defesa da Argentina marcou muito bem, havia dois em cima de mim — justifica.

Neymar: muita firula, pouca objetividade
Foto: Vitor Caivano, AP

Se as rusgas com os argentinos afloraram a personalidade forte do artilheiro, um lance aos 32 minutos mostrou que Damião anda com a confiança nas alturas. Quando viu que, postado na área, pouco tocaria na bola, caiu para a ponta direita e aplicou uma "lambreta" de manual sobre Papa. Sem ângulo, arriscou um cruzamento/chute que encontrou a trave. Foi o oposto de Ronaldinho e Neymar, que abusaram de jogadas de efeito durante os 90 minutos, sem qualquer objetividade. Damião mostrou que é possível encantar sem perder a direção das redes.


_"Jogada de craque"

Principal diário esportivo da Argentina, o Olé rasgou elogios à lambreta de Damião. Dedicou uma matéria exclusiva ao lance, chamado como "jogada de craque". Damião foi qualificado pelo site como um "goleador impressionante".

Quem diria. Não foi só o Olé. Até os torcedores argentinos se despiram de uma rivalidade centenária para reverenciar Damião. O estádio Mário Alberto Kempes o aplaudiu, cordial como num concerto de ópera. E não foi só o seu futebol que se manteve intacto na viagem de Porto Alegre a Córdoba. O discurso é o mesmo. As palavras saem entre os dentes, poucas e comedidas. Não há deslumbramento na sua fala. Damião já pensa inclusive no clássico da volta, no dia 28, em Belém:

— Só tenho a agradecer (sobre os aplausos da torcida). Infelizmente, erramos um gols. Mas, dentro de casa, vai ser diferente.

Não saiu o gol, tão fundamental para um centroavante. Mas, pelo marasmo técnico da Seleção, Damião sai fortalecido. Se Mano Menezes ainda não tem um time, já achou seu camisa 9. Quando voltou do amistoso em que marcou o gol da vitória sobre Gana, fez quatro gols em dois jogos pelo Inter. E agora? O que o impressionante Damião estará reservando aos colorados? No domingo, contra o Coritiba, a resposta do artilheiro.


> Ficha técnica

ARGENTINA (0)
Agustín Orión, Sebastián Domínguez, Leandro Desábato e Christian Cellay; Iván Pillud, Augusto Fernández (Chistian Chávez, 42'/2ºT), Héctor Canteros, Víctor Zapata e Emiliano Papa; Juan Manuel Martínez e Mauro Boselli (Emmanuel Gigliotti, 24'/2ºT). Técnico: Alejandro Sabella.

BRASIL (0)
Jefferson, Danilo, Dedé, Réver e Kleber; Ralf, Paulinho (Casemiro, 42'/2ºT) e Renato Abreu (Oscar, 16'/2ºT); Ronaldinho Gaúcho, Neymar e Leandro Damião. Técnico: Mano Menezes. Técnico: Mano Menezes

Árbitro: Enrique Osseas Zencovich (CHI)
Auxiliares: Patricio Basualto Vargas (CHI) e Carlos Astroza Cárdenas (CHI)
Estádio: Mário Alberto Kempes, em Córdoba (ARG)