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Esportes  | 19/07/2011 08h10min

Siegmann: "A partir de agora, assumo minha função de conselheiro atuante"

Antes da coletiva, ex-vice de futebol recebeu a reportagem de ZH para entrevista exclusiva

Leandro Behs e Leonardo Oliveira  |  leandro.behs@zerohora.com.br; leonardo.oliveira@zerohora.com.br

A queda de Roberto Siegmann foi além do futebol. Representa o esfacelamento do grupo político que sustenta a gestão de Giovanni Luigi. Ontem à tarde, antes da coletiva, o dirigente recebeu ZH na sala da vice-presidência de futebol no vestiário. Ocupava a cabeceira de uma mesa de seis lugares, que cobria quase todos os cerca de 12 metros quadrados. No cinzeiro, repousavam dois tocos de cigarro amassados. Siegmann parecia tranquilo. Lidera parcela significativa do movimento Inter Grande, que dá sustentação a Luigi, e prevê confrontos políticos na vida interna do clube. Antes de dar sua última entrevista como dirigente, ele avisou:

>> GALERIA: A trajetória de Siegmann como vice de futebol
>> As polêmicas do ex-vice de futebol em 195 dias de clube

— A partir de agora, assumo minha função de conselheiro atuante, com a visão do torcedor, que não faz parte da gestão e se sente no direito de, de forma independente, analisar os movimentos.

Zero Hora – A contratação do Falcão foi precipitada?
Roberto Siegmann
– Não, o Roth não tinha sustentação. Tínhamos 70 a 80 associados se desvinculando do clube por dia. Era uma pressão muito grande. Precisava ser feito. O Falcão preenchia os requisitos.

ZH – Chegaram a falar com o Dunga na época?
Siegmann
– Nem falei com o Dunga. Só falei com o Falcão.

ZH – O presidente precisava ser firme nas decisões?
Siegmann
– Gandhi foi uma grande personalidade, mas fez a Índia sofrer muito, porque em vez de reagir ele rezava. Talvez se tivesse dado uma metralhadora para cada indiano tivesse libertado a Índia muito tempo antes de forma que tanta gente não teria morrido. Mas é questão de perfil.

ZH – Falta voz forte no clube?
Siegmann
– Não é o caminho da beligerância, mas do comando. Para presidir o Inter tem que ter comando, para contratar, mandar gente embora.

ZH – O senhor era dono do vestiário ou sentia a sombra do Fernando Carvalho?
Siegmann
– Nunca tive sombra desde que assumi aqui. E talvez esse tenha sido um dos meus problemas. Agi com total independência e total comando, sem a interferência de ninguém. Talvez para outros, sim.

ZH – Se hoje fosse um dia normal, o senhor falaria com o Falcão, com os jogadores?
Siegmann
– O Falcão, de todos os treinadores, desde o Fossati, é um com quem tenho absoluto contato. Nos falamos ontem (domingo) depois da derrota. Já recebemos ligações do grupo, gente chorando. O Tinga está absolutamente abatido, estão todos muito sentidos com o que aconteceu. Os jogadores estão sentidos. Claro, melhor que tivesse vitórias.

ZH – Com relação a reforços, fechou o cofre?
Siegmann
– Essa é uma divergência. Está no site: o déficit do ano passado é de R$ 20 milhões – só não foi este valor porque colocaram ali a conta dos Eucaliptos. Saber o que é um carro bom todos nós sabemos, basta chegar à revenda e ter dinheiro e a possibilidade de se endividar. E o Inter não tem isso. O treinador pede reforços. Não de agora, desde o ano passado, no fim da Libertadores, quando saiu o Taison, o Giuliano, o Sandro. E a coisa vinha se enrolando.

ZH – Quantos jogadores o senhor deixou de contratar?
Siegmann
– Contratei três que considero negócios bons: Cavenaghi, que não teve ônus para o Internacional, foi um empréstimo gratuito; o Bolatti tem potencial e também um negócio abaixo da média; e o Zé Roberto.

ZH – E os que não conseguiu?
Siegmann
– Temos de decidir se vamos vender alguém para trazer dinheiro. Vendendo, temos de repor. Diego Tardelli, Jô, são nomes. Mas as contratações paravam na inércia do presidente. Mas quando ficava difícil, era com ele. Havia demora para contratar. Assim como as obras, um processo interminável. Não é meu perfil.

ZH – A distância entre o futebol e a presidência era grande?
Siegmann
– A forma do presidente e a do vice de futebol eram antagônicas. Nem em viagens, ele (Luigi) trocava ideia. Ele se isolou, deixava por minha conta. Ia chegar a hora de ficar sem cinco jogadores, como contra o São Paulo: não tinha banco.

ZH – E o novo panorama político começou com o afastamento de Fernando Carvalho?
Siegmann
– Eu não tive nenhuma discordância com o Fernando Carvalho. Foi uma sucessão. Nunca pedi para ele se afastar. Ele se afastou até por lealdade. Não sei se continua afastado. Não sei qual é a relação dele com o presidente.

ZH – E a reunião na casa de Carvalho sobre a queda do Celso Roth e a escolha do Falcão?

Essa e outras respostas de Siegmann você lê na edição de Zero Hora desta terça.

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