Tatiana Lopes  |  tatiana.lopes@rbsonline.com.br

Indicado pelo técnico Mano Menezes a Vagner Mancini, Victor chegou ao Olímpico em 2008 e, em pouco tempo, se firmou como goleiro titular do Grêmio. Duas vezes consecutivas eleito o melhor da posição no Campeonato Brasileiro, em 2008 e 2009 (em 2010 ficou com a prata), o destino só poderia ser a Seleção Brasileira, treinada justamente por aquele que percebeu no jogador a capacidade de se destacar em um grande clube.

Convocado para a Copa América, que será disputada em julho, Victor adiará a comemoração pelo seu 200º jogo com a camisa do Grêmio. Contra o Vasco, no domingo, fará sua partida de número 199. Na segunda, se apresenta para integrar a Seleção de novo.

— Todo atleta sonha em ter uma marca, uma carreira longa em um clube de expressão. Fico feliz de poder chegar próximo disso. É só um começo de uma carreira longa, tenho muitos objetivos — vislumbrou o goleiro, em entrevista ao clicEsportes.

Foto: Jefferson Botega

Feliz pelo que já conquistou, Victor sente falta de um grande título pelo Grêmio. Ele não despreza o Gauchão e comemora a taça levantada em 2010, mas campeonatos nacionais e internacionais passaram a ser o foco. Em 2009, ele defendia a equipe que caiu nas semifinais da Libertadores para o Cruzeiro. Neste ano, o Grêmio foi eliminado nas oitavas pela Universidad Católica. Agora, o Brasileirão é a meta.

— Quero conquistar um título de grande expressão e fazer história dentro do clube para entrar no hall dos imortais — destacou.

Foi por isso, e também pela identificação com o clube e com a torcida, que Victor aceitou estender seu vínculo até 2015. Em meio ao processo de renovação, em 2010, especulações sobre uma possível ida do goleiro para um clube da Europa gerou mobilização de gremistas, que criaram até uma campanha para a permanência dele no Grêmio.

— O apoio que a torcida dá é algo que eu zelo bastante. Não é qualquer um que consegue isso — ressaltou.

Foto: Nelson Almeida, AFP

Um dos líderes do grupo de Renato, Victor perdeu a braçadeira de capitão quando o novo comandante chegou, em agosto de 2010, mas isso não faz diferença em seu dia a dia. Com ou sem o acessório, o camisa 1 continua sendo um dos principais orientadores da equipe dentro de campo durante os jogos.

— O Renato, quando chegou, disse que não colocava goleiro como capitão, para não se expor. Mas a liderança independe de faixa de capitão, a liderança está na pessoa — destacou.

Seriedade, concentração, liderança, foco. Estas são algumas das características de Victor bastante perceptíveis por quem convive com o goleiro. Qualidades que também devem ter contribuído para sua ida à Seleção Brasileira.

Foto: Divulgação, CBF

Convocado pela primeira vez em 21 de maio de 2009, Victor sofreu apenas um gol. Goleiro mais vezes chamado pelo técnico Mano Menezes, em 2010 atuou em quatro amistosos: Estados Unidos, Irã, Ucrânia e Argentina, com três vitórias. Ainda integrou o grupo que venceu a Escócia, em março deste ano, e empatou com a Holanda, no início de junho. Contra a Romênia, no mesmo mês, foi titular.

— Foi muito legal poder conversar pessoalmente sobre isso com ele (Mano Menezes), agradeci pela indicação. Talvez, se não fosse isso, não teria tudo a oportunidade de mostrar meu trabalho — disse ele, que fez parte do grupo campeão da Copa das Confederações em 2009.

Na Copa América, que será disputada em julho, Victor fará sua segunda competição oficial pelo Brasil: em 2009, fez parte do elenco que conquistou o título da Copa das Confederações na África do Sul. No mesmo ano, foi relacionado para os duelos diante de Uruguai, Paraguai, Argentina, Chile, Bolívia e Venezuela pelas Eliminatórias Sul-Americanas ao Mundial de 2010.

Melhores atuações

Victor guarda, como uma de suas melhores atuações, a partida contra o Flamengo vencida por 4 a 1 pelo Grêmio, em 2009, no Olímpico, pelo Brasileirão. Mesmo que cite este jogo, ele prefere não eleger quais suas principais atuações.

— É a sequência que faz o reconhecimento do atleta, não são jogos isolados — concluiu.

Foto: Mauro Vieira

Melhores defesas

São muitas. Mas ao ser questionado, o goleiro lembrou, primeiramente, de uma defesa que os torcedores também não esquecem. Foi contra o Santos, na Vila Belmiro, em 2008. Após escanteio, Fabão completou de cabeça. A bola começava a cruzar a linha quando Victor salvou com o pé.

Ele também destaca uma defesa diante do Vitória, também em 2008, no Olímpico. O Grêmio venceu por 2 a 0, e ainda no primeiro tempo Victor conseguiu fazer uma defesa espetacular em uma cabeçada de Leonardo Silva. Uma falta cobrada por Baiano, no ângulo, que ele conseguiu tirar no jogo contra o Guarani, em 2010, é outra que fica na lembrança, além de um chute cruzado e perigoso de Dentinho, do Corinthians, no Olímpico, em 2009.

— Todas as defesas do goleiro têm que ser comemoradas. De pênalti também, um gol para o centroavante é uma defesa para o goleiro — apontou Victor, que defendeu cinco de nove penalidades marcadas contra o Grêmio no Brasileirão de 2010.

Bate-Bola: Victor fora de campo

clicEsportes: Se cobra muito?
Victor: Me cobro bastante, não consigo dormir à noite, no outro dia ainda martela na cabeça. Sou bastante perfeccionista. Normalmente, quando as coisas não acontecem da forma que eu quero, procuro ficar mais quieto, refletir, mas converso com minha esposa, que também tem o feeling de saber quando quero conversar. Converso com o Chiquinho, com os outros goleiros.

clicEsportes: Guarda fotos e reportagens sobre a carreira?
Victor: Quando sai jornal, foto, guardo tudo. Dos jogos que fiz pelo Grêmio, uns 80% (do material) tenho em casa aguardado.

clicEsportes: Como é fora dos gramados?
Victor: Sou uma pessoa bem tranquila, adoro ficar em casa, gosto muito do lugar onde moro, dou uma volta no bairro, vejo o pôr do sol. Sou simples, não gosto de muito movimento.

 

Curtinhas:

:: Três jogadores do Grêmio devem completar 100 jogos pelo clube em 2011: Lúcio, Fábio Rochemback e Douglas. Para o lateral faltam sete, para o volante 13, e para o meia 16.

:: Marcelo Grohe se beneficia com a convocação de Victor para e Copa América e também está perto dos 100 jogos: faltam 13.

:: Outros jogadores que já superaram a marca de 100 jogos no grupo atual: Rafael Marques, Adilson e Willian Magrão.

 

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