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Esportes  | 14/06/2011 07h11min

Jogador de "bola no pé", Douglas despertou sentimentos de "amor e ódio" por onde passou

Do Criciúma ao Corinthians, a questão entre técnica e forte marcação chamou a atenção na trajetória do meia

Lucas Rizzatti  |  lucas.rizzatti@zerohora.com.br

Não é à toa que Douglas faz questão de se definir como um jogador que atua com a bola no pé, como afirmou após a fraca atuação diante do São Paulo no sábado. Desde o Criciúma, onde foi revelado, passando pelo São Caetano até o Corinthians, o meia nunca faltou treinos, mas passou por dificuldades exatamente quando esteve sem a bola em seus domínios e precisou mostrar mais atributos além da técnica. Depois de não se reapresentar nesta segunda ao Olímpico, Douglas reacendeu uma relação de "amor e ódio" com a torcida. Sentimento nada inédito em sua carreira.

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Quem garante é o primeiro técnico de Douglas no profissional do Criciúma, em 2002. Edson Gaúcho cobre o meia de elogios, sobretudo pela sua capacidade técnica. Mas sublinha: é o tipo de jogador que precisa de vigilância durante os 90 minutos. Caso contrário, desliga da partida. A apatia e a pouca aptidão à marcação que chatearam os gremistas no sábado já causavam a insatisfação da torcida do Criciúma, quando o jogador tinha apenas 20 anos. Ciente da dificuldade de Douglas em marcar, Edson Gaúcho procurava fazer o meia apenas cercar os defensores.

— Os torcedores confundem marcar em sair correndo — defende Gaúcho. — É uma atleta diferenciado, eu pedia para pegar apenas o primeiro volante.


Douglas participou do acesso do Criciúma à Série A, em 2002
Foto: Ulisses Job


Exigente, a torcida do Criciúma jamais desprendeu-se dessa bronca, valorizando Douglas por completo apenas depois de vê-lo se destacar no São Caetano, em 2007. Nairo de Souza, presidente do São Caetano, foi a Santa Catarina buscar o meia Djair. Viu um garoto pouco aproveitado na ocasião. Era Douglas. Levou-o também para o ABC paulista.

Lá, Douglas conheceu a fama e foi vice-campeão paulista. Só deixou saudades, garante Nairo, que não se esquece de sua personalidade forte e sua vontade de vencer, apesar de alguns momentos de desligamento. Sob o comando de Dorival Júnior, Douglas tinha liberdade para atacar e contava com um meio-campo combativo para compensar. Glaydson, hoje no Inter, era um dos volantes.

— É um jogador que não pode pensar em marcar. Ele é que tem que ser marcado — argumenta Nairo. — Às vezes, tinha que dar uns tapas para o Douglas acender, ficar ligado. Era capaz de decidir numa jogada.


No São Caetano, foi unanimidade
Foto: Roberto Scola


Uma jogada, no entanto, era pouco para a enérgica Gaviões da Fiel. Homem de confiança de Mano Menezes, Douglas foi peça-chave no retorno do Corinthians à Série A em 2008. No ano seguinte, conquistou o Paulistão invicto e a Copa do Brasil. Seu estilo discreto e de pouca vibração passava um pouco despercebido nas arquibancadas. Os corintianos torciam o nariz para a suposta falta do "espírito guerreiro" que o jogador precisaria ter para jogar no alvinegro, lembra um setorista do clube.. Aos poucos, no entanto, ganhou a torcida, que o apelidou de "maestro".

O dilema "marcar ou não marcar" não chegou às manchetes em São Paulo com a força manifestada em Porto Alegre. Em 2009, Douglas era beneficiado pelo esquema de Mano Menezes, em que os atacantes se tornavam meias sem a bola. Com isso, além dos volantes Christian e Elias, Douglas dividia tarefas defensivas com Dentinho e Jorge Henrique.

—Não dava show em todas as partidas, mas supriu as nossas expectativas. Era acima da média, o nosso camisa 10. Deixou saudades — elogia o diretor de futebol da época, Mário Gobbi.


Douglas foi o grande garçom de Ronaldo no Corinthians
Foto: Diego Vara


Fã de Douglas, Gobbi costumava conversar com o jogador antes das partidas no vestiário. Comparava-o a um dos grandes ídolos corintianos:

— Como que é, vai ter Rivellino hoje ou não? — provocava.

— Pô, o senhor joga esse peso nas minhas costas! — desconversava Douglas, entre risos.

Ao sair do Corinthians em meados de 2009 rumo aos Emirados Árabes, mais do que saudades, Douglas deixou um vazio no time. Apenas agora, com a contratação de Alex, o clube acredita ter encontrado um substituto. Logo após a saída do meia, o grupo de jogadores chegou a pedir à direção que buscasse um "outro" Douglas. Por diversas vezes, Ronaldo reiterava que havia perdido o seu garçom.


Douglas está no Grêmio desde 2010
Foto: Fernando Gomes


No Grêmio, a relação de Douglas se mantém semelhante às relatadas nas linhas acima. Chamado de craque pelo técnico Renato Portaluppi, foi eximido da obrigação de marcar. Seu histórico com a torcida aponta mais prós do que contras. Mesmo assim, bastou uma atuação apagada no último sábado para que os murmúrios se avolumassem nas redes sociais.

O sumiço nesta segunda-feira, quando deveria ter se reapresentado no Olímpico, aumentou a insatisfação dos fãs e reacendeu as especulações de uma possível transferência para o futebol russo. À noite, o empresário de Douglas, Marcelo Goldfarb, justificou a ausência do jogador por problemas de saúda de sua mulher. O meia tem contrato até o fim de 2012, com multa rescisória de R$ 50 milhões para clubes brasileiros e de R$ 60 milhões para times do Exterior. Rumores à parte, a história recomenda: quanto mais perto a bola estiver de Douglas, melhor para a torcida, para o clube e para ele próprio.

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