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Esportes  | 07/06/2011 08h36min

Participação em Brasil x Romênia encerra história de Ronaldo na Seleção

Trajetória mostra o amor do atacante pelo futebol

David Coimbra  |  david.coimbra@zerohora.com.br

Há 12 anos, no tempo em que ainda era Ronaldinho, Ronaldo Nazário fez uma promessa que só terminará de pagar hoje à noite, quando jogar seus últimos 15 minutos com a camisa da Seleção Brasileira, no Pacaembu. Naquele distante 1999, Ronaldo jurou para si mesmo que doaria para entidades beneficentes tudo que recebesse atuando pela Seleção. Promessa cumprida. De lá para cá, ele não embolsou um centavo da CBF. Nem os prêmios pela conquista da Copa de 2002, da qual foi o goleador e maior destaque.

Ronaldo ganhou milhões jogando bola, mas essa nunca foi a sua principal motivação na carreira. Sua principal motivação foi, exatamente, jogar bola. Ronaldo ama o que faz, e tem provado isso em cada capítulo da sua história em geral heroica, volta e meia dramática, em uma ou duas circunstâncias cômica, mais vezes glamourosa e sempre, sempre brilhante.

Dramático foi o capítulo da Copa de 1998. No dia da final com a França, Ronaldo sofreu uma convulsão que ainda é um mistério. Entrou em campo feito zumbi e o Brasil foi amassado pelos gauleses. O mundo, perplexo, inquietou-se: aos 22 anos, Ronaldo estaria acabado para o futebol? Que nada! Em um ano, ele esqueceu os dissabores e continuou marcando gols. Justamente, por amor ao futebol.

Por amor às belas mulheres, envolvia-se com as fêmeas mais exuberantes da espécie. Em 1998, era Suzana Werner, hoje senhora goleiro Júlio César, que o aplaudia da arquibancada. Separou-se dela, pelo que ela muito lamentou, e, nos anos seguintes, investiu num cardume de loiras bronzeadas, algumas fotografadas nuas por revistas masculinas. Desde então, tornaram-se conhecidas como "Ronaldinhas", e Ronaldinhas são até hoje, e nada mais. Em meio a tantas canelas lisas e seios arfantes, de repente apareceu-lhe um filho não planejado. Que Ronaldo assumiu sem problema algum.

Em campo, tudo ia bem, até que foi vitimado pela primeira de suas graves lesões no joelho. A recuperação foi longa, lenta e dolorosa. Ronaldo suportou-a. Por amor ao futebol. Sua volta foi transmitida para o mundo inteiro. Todos queriam ver o Fenômeno em ação novamente. Mas, em meio a uma arrancada feroz em direção ao gol, o joelho dobrou como se tivesse partido ao meio. Ronaldo caiu na grama chorando, e mais uma vez o mundo prendeu a respiração. Agora era o fim.

Ronaldo muitas vezes caiu e sempre se levantou

Não era. Ronaldo voltou, foi campeão do mundo e casou-se com a explosiva Daniella Cicarelli no castelo de Chantilly. Tudo parecia em paz, mas, três meses depois, eles se separaram. Sem problemas, Ronaldo namorou outra modelo e outra e mais outra, e teve mais filhos, e passou por mais lesões, e sempre, sempre, sempre fez mais gols. Por amor ao futebol.

Por amor ao futebol, Ronaldo não parou nem depois de ultrapassar a barreira dos dois dígitos ao subir numa balança.

Quanto Ronaldo pesava na Copa de 2006? Cem quilos? Cento e dez? Outro mistério. Mas, ainda assim, ele marcou seus gols. Quatro anos e muitos outros quilos depois, continuava marcando-os, e com eles levou o Corinthians ao título da Copa do Brasil. Ronaldo envolveu-se com travestis, Ronaldo cortou o cabelo como o Cascão, Ronaldo engordou, Ronaldo casou-se e se separou, Ronaldo muitas vezes caiu e sempre se levantou. Por amor à vida. Por amor ao futebol.

Hoje à noite, Ronaldo despede-se como jogador profissional. Não é ele quem perde com esse adeus, porque ele já ganhou muito. Quem perde é o futebol. Porque o que o futebol perde, nessa noite do Pacaembu, é um grande amor.

A Zero Hora aponta os nove principais momentos da trajetória de Ronaldo na Seleção. Confira na edição desta terça de Zero Hora.

 

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