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Esportes | 28/04/2011 20h59min

Comentaristas do Grupo RBS analisam: qual é o problema da defesa gremista?

Falta de qualidade dos jogadores e proteção à zaga são as principais deficiências apontadas

A defesa do Grêmio não inspira em 2011 a mesma confiança do ano passado, quando ajudou o time a desgarrar-se da zona de rebaixamento no Brasileirão e se apegar à classificação para a Libertadores. Desde então, Paulão viajou para a China e Vilson se machucou. Para incrementar o setor, a direção buscou Rodolfo e recorreu a Rafael Marques. Mas as medidas não surtiram o efeito desejado.

Neste ano, o sistema defensivo foi vencido 34 vezes em 29 jogos. O Tricolor sofreu nove gols em nove jogos na Copa Libertadores e 11 gols em nove partidas na Taça Farroupilha até agora, antes do Gre-Nal que decidirá o segundo turno. Em vez de mostrar evolução, o desempenho da zaga no Gauchão apresenta piora: nos nove primeiros jogos da Taça Piratini, o Grêmio levou oito gols.

Abaixo, os comentaristas do Grupo RBS Maurício Saraiva, Luiz Zini Pires e Nando Gross analisam os problemas defensivos do Grêmio:

MAURÍCIO SARAIVA, da RBS TV: "Tem que haver compactação"

A zaga do Grêmio não é protegida o suficiente. Os volantes deixam espaços demais. Assim, os zagueiros combatem diretamente os atacantes. Então se usa o recurso da falta ou se deixa passar. Essa dupla de zaga não encaixou, não deu liga. Nos últimos jogos, aconteceu mais de uma vez: os defensores cobrem as lateiras, e fica um zagueiro na área contra um atacante adversário. No último jogo, foi o Pratto.

Jogar para a frente não é o problema. Pode ser até a solução. Mas, para isso, tem que haver compactação, aproximar as três linhas. Não pode ter espaço entre os setores. Tem que aproximar mais. É por isso que os treinadores gritam "encurta" na beira do gramado. Barcelona é o melhor exemplo disso. Tem sempre os jogadores próximos uns dos outros. Eles não precisam dar passe longo e ainda tocam de primeira, o que surpreende o adversário.

Eu não diria que o Paulão faz falta. No início do ano, contra o Liverpool, o Grêmio também estava tomando gols estranhos. Pra resolver, o Renato confia na conversa. Mas só treino tática pode acertar essa compactação.

LUIZ ZINI PIRES, da Zero Hora: "Falta proteção e qualidade"

O Grêmio tem um problema sério na proteção da zaga. Os volantes do Grêmio são todos segundos volantes. Por isso, o Grêmio perde força na marcação no meio-campo e deixa muito espaço.

Outro problema é a qualidade dos dois zagueiros, que não têm qualidade para jogar no time e têm deficiência na bola aérea. O Rafael Marques, especialmente. Além disso, os dois jogam pela esquerda.

E o Grêmio apostou no Rodolfo. Trouxe o Rodolfo para ser líder da zaga, mas ele não é lider. Tanto que, na Bolívia, com o time perdendo por 3 a 0, ele fez uma falta violenta e tomou cartão vermelho, sem necessidade.

A culpa é da direção e do Renato que não viram isso no início do ano. Eu deixaria Mário Fernandes e Neuton na zaga, porque não pode ficar pior.

NANDO GROSS, da Rádio Gaúcha: "O Grêmio não tem grupo"

O maior problema é que o Grêmio não tem grupo. Jogou no limite ano passado e agora não tem o que fazer. No grupo, tem Rockemback, Douglas, Gabriel. São bons, mas faltam mais jogadores de qualidade.

O Renato também cometeu equívocos: arquivar Mário Fernandes, por exemplo. Quando o Paulão saiu, falei que era um erro. Era o único zagueiro de velocidade do Grêmio. Contra o Oriente Petrolero, Renato errou também colocando o Gabriel ali no meio. Mas, na média, ele está fazendo o possível, até mais.

Rafael Marques e Rodolfo não dá. Eu apostava mais no Rodolfo, mas é um jogador comum. Pintou no início da carreira como liderança, um jogador técnico. Mas hoje, depois daquela expulsão na Bolívia, parece uma liderança violenta.

O primeiro volante é o Rochemback, que sobe mais. O Adilson, o segundo volante, tem que voltar. Aí o Renato pede para o Adilson chutar mais em gol e subir mais. Então o Rochemback sobe, o Adilson sobe, o Willian Magrão sobe. Quem fica: o Douglas?