Antes que me acusem de forçar a barra só para fisgar o leitor ao menos até esta singela primeira linha, peço uma releitura atenta do título. Depois volte para cá bem rápido.

O técnico do Grêmio não disse que Douglas É melhor do que Ronaldinho. Ele disse que Douglas ESTÁ melhor do que Ronaldinho.

Por isso suprimi o verbo o título. Neste princípio de 2011, Ronaldinho no Flamengo, Douglas no Grêmio, ele acha que Douglas está jogando mais.

Em entrevista impagável concedida à revista da ESPN na parte que versa sobre sua reconhecida fama de conquistador ("Na hora de casar, ou o cara é esperto ou se f..."), o técnico do Grêmio afirma:

— Ele (Ronaldinho) joga mais ou menos na posição do Douglas. Hoje, o Douglas está jogando melhor que ele.

A pergunta roçava na opção de Ronaldinho pelo Flamengo. Renato não o condena. Agiria diferente, mas não atira pedra.

Não chegaria ao cúmulo de deixá-lo no banco, caso o melhor (o maior é ele, Renato) jogador já formado nas categorias de base do Olímpico tivesse voltado.

Mas Ronaldinho entraria em outro lugar. Nunca no de Douglas. Ainda que ambos joguem mais ou menos na mesma posição.

O técnico do Grêmio acredita mesmo no que disse? Duvido.

Só que não é este o ponto. Renato é o Freud do Grêmio. Ninguém compreende a alma gremista feito ele.

Renato disse exatamente o que o torcedor queria ouvir, e como Ronaldinho não está mesmo gastando a bola na Gávea, a comparação nem é tão absurda. Por trás dela, fica subjacente mais ou menos o seguinte: "Sabe, no final das contas foi até bom o Ronaldinho não vir para cá. O Grêmio é mesmo grande: tem sorte".

Para completar, a Revista da ESPN (à venda em São Paulo desde ontem, mas só a partir de segunda-feira nas bancas gaúchas) mostra um Renato jurando respeito ao Inter e ''sua grande torcida".

Seria surpreendente se dissesse algo assim do nada, mas de novo havia um contexto: foi perguntado e queria jurar amor à torcida do Grêmio, ainda mais depois do episódio Jorge Kajuru.

Renato garante que jamais aceitaria um convite para trabalhar no Beira-Rio. Nem que lhe pagassem em dinheiro todo o petróleo da Líbia ou fosse a última alternativa de emprego para salvar a família da fome:

_ Não trairia milhões de gremistas.

Ninguém, absolutamente ninguém, entende mais de Grêmio do que Renato Portaluppi.

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