De longe o reforço mais festejado de 2011, Fernando Cavenaghi ainda não conseguiu justificar o entusiasmo de quase 400 torcedores que transformaram o Aeroporto Salgado Filho num pedaço do Beira-Rio, no dia 28 de janeiro, no desembarque do centroavante em Porto Alegre. Quase dois meses depois, o argentino teve poucas oportunidades, apenas duas delas como titular, e nenhum gol, embora o indiscutível esforço aplicado em campo. Mesmo assim, segue com total respaldo da direção.

Importantes jornais italianos, como o Gazzetta Dello Sport, noticiaram na semana passada um possível interesse de Lazio e Napoli no atacante colorado. Segundo a publicação, o clube romano estaria já em contato com o procurador do jogador, prometendo uma investida em junho, quando a janela europeia volta a se abrir. Mesmo com Cavenaghi longe de sua grande fase dos tempos de River Plate, a Lazio vê ainda um jogador jovem (27 anos) e promissor.

Essas especulações não maculam a convicção vermelha no argentino. Segundo o vice-presidente de futebol do Inter, é indiscutível a qualidade do jogador. Falta-lhe apenas o ritmo de jogo. Roberto Siegmann compara o caso do Cavenaghi ao de Rafael Sobis, que, desde que retornou ao Beira-Rio em julho passado, ainda não conseguiu se firmar entre os 11 de Celso Roth. Não há o menor interesse, sublinha o dirigente, de o Inter se desfazer de Cavenaghi, mesmo que as suas atuações ainda não tenham convencido. Com Libertadores e Gauchão se encaminhando para momentos decisivos e novas competições no horizonte, será necessário um grupo numeroso para aguentar a maratona.

— Em breve, teremos a Recopa e o Brasileirão. Vamos precisar de alternativas — lembra Siegmann.

Emprestado pelo Bourdeaux por um ano e com direitos federativos fixados em 2,5 milhões de euros, Cavenaghi também segue em alta com a torcida. Mesmo fora do ritmo ideal, mostrou muita luta em sua segunda partida como titular, no sábado, diante do Novo Hamburgo (a primeira havia sido contra o Jaguares). Ao ser substituído, Cavenaghi saiu decepcionado (deu apenas um chute perigoso durante toda a partida, defendido por Martini), ainda que tenha sido aplaudido pelos quase 12 mil colorados presentes ao Beira-Rio.

Mesmo bem cotado entre dirigentes e fãs, Cavenaghi lida com outro adversário, além da falta de sequência em campo: o momento iluminado vivido por Leandro Damião. O centroavante já marcou 13 gols em nove partidas. Em média de gols na história do Inter, já superou Claudiomiro, Valdomiro, Sobis, Pato, Fernandão, Christian e Alecsandro. Seu próximo "alvo" atende pelo histórico nome de Tesourinha. A diferença de realidades é explicitada inclusive por Roth. Após o jogo de sábado, o técnico deixou claro que a vez é do jovem, cria do extinto Inter B.

— O Cavenaghi está no contexto. Mas ainda está longe — disse Roth. — O momento é do Damião. Cavenaghi e Sobis terão novos espaços.

A preferência do comandante pelo esquema com apenas um atacante restringe ainda mais a disputa pela camisa 9. Mas, quando esse concorrido espaço surgir novamente para Cavenaghi, quem sabe a torcida não consegue reforçar o carinho pelo centroavante, já demonstrada no aeroporto, em janeiro. Até música personalizada ele ganhou na ocasião: falta só a bola na rede para o argentino fazer jus ao empolgado verso "Cavenaghi é gol".