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Esportes  | 09/03/2011 08h04min

Aod e Piffero comentam proposta da Engevix, terceira via para obras do Beira-Rio

Ex-presidente defende modelo, mas executivo diz que empresa pode exigir verba de cadeiras, TV e venda de jogadores

Leandro Behs  |  leandro.behs@zerohora.com.br

ZH ouviu os dois lados da reforma do Beira-Rio. Enquanto o executivo-chefe Aod Cunha justifica a parceria com a Andrade Gutierrez para tocar o Beira-Rio pressionado por um déficit de R$ 20 milhões e por redução de receitas, o ex-presidente Vitorio Piffero garante que esse valor não passa de R$ 2 milhões, o que sustentaria a ideia de bancar a obra com recurso próprio. A empresa Engevix, que seria uma terceira via, foi apresentada por Piffero ao presidente Giovanni Luigi. Teria sido descartada por querer cotas de TV e jogadores como garantias. Veja o que dizem Aod e Piffero.

Aod: "Poderia envolver receitas futuras das vendas de cadeiras, verbas da TV e até da venda de jogadores"

Zero Hora – A oferta da Engevix (empresa de engenharia cuja proposta formaria uma terceira via às obras do Beira-Rio) foi descartada?

Aod Cunha – A Engevix apresentou uma proposta que não era modelo de preço fechado (o valor contratado da obra é o mesmo ao final, sem alterações), na qual oferecia as garantias ao BNDES (para obter um financiamento, algo que o Inter não conseguiu), mas também pedia garantias ao Inter. Poderia envolver receitas futuras das vendas de cadeiras, verbas da TV e até da venda de jogadores. Aliás, proposta sugerida a eles pelo ex-presidente Vitorio Piffero. Que apresentou a Luigi. Isso foi levado ao Conselho de Gestão, em fevereiro, que entendeu ser proposta na mesma direção do modelo anterior (autofinanciamento) e com riscos adicionais. Foi rejeitada.

ZH – Qual é o déficit?
Aod –
O déficit do clube foi de R$ 20 milhões em 2010 – já descontada a venda dos Eucaliptos (por R$ 28,2 milhões). Mas há a necessidade de financiamento de caixa no início do ano, que é próximo a R$ 80 milhões. Como se financia isso ao longo do ano? Com a venda de jogadores. À medida que vende ou não, vai tomando mais ou menos empréstimos bancários e antecipando receitas. O excesso de dependência de vendas no futuro pode ser um elemento de risco, pois dependerá de novos empréstimos bancários. O déficit é próximo a R$ 20 milhões, porque se vende jogadores. Vendeu Giuliano? Desconta R$ 20 e poucos milhões. Mas quando não chegar a esse valor é preciso ir atrás de endividamento bancário. Por exemplo, em 2008, o clube buscou R$ 4 milhões em empréstimos bancários; em 2009, foram R$ 10,5 milhões; e em 2010, R$ 18,7 milhões.

ZH – Não daria para bancar a reforma?
Aod –
Significa assumir risco adicional. E não é razoável impor isso ao Inter, porque a venda de jogadores, o modelo que estamos tentando mudar, é arriscado. As vendas caem ano a ano, e isso que o Inter é o clube que mais vende no Brasil. Em 2007, a receita líquida foi de R$ 56,32 milhões com vendas; em 2008, caiu para R$ 48,49 milhões; em 2009, para R$ 45,35 milhões; e em 2010, para R$ 34,51 milhões. Assim, se o preço da obra não for fechado, como no autofinanciamento, e se contrairmos nova dívida, teremos que tirar dinheiro do futebol.

Piffero: "Não sei se eles pediriam este tipo de garantias"

ZH – A Engevix teria pedido como garantias verbas futuras da TV e vendas de jogadores?
Piffero – A Engevix apresentaria o seu pedido de garantias. Um dia antes, porém, o modelo já estava descartado pelo Comitê de Gestão, que optou pelo modelo a preço fechado. Não sei se eles pediriam este tipo de garantias ao clube.

ZH – O senhor trocaria a Copa pelo autofinanciamento das obras do estádio?
Piffero –
A Copa é uma oportunidade. Mas, se para sediar os jogos tivermos que entregar 20 anos de rendimentos do nosso patrimônio, não tenho dúvidas: prefiro não sediar a Copa. Fazendo com o nosso modelo, ou por intermédio da Engevix, teremos um estádio pronto para a Copa sem a necessidade de entregá-lo por 20 anos. A escolha é simples: ou buscamos os R$ 105 milhões que faltam para seguir as obras, ou entregaremos R$ 1 bilhão em rendimentos futuros.

ZH – O déficit de 2010 foi de R$ 20 milhões?
Piffero –
Não. Conforme será demonstrado no Conselho, é de R$ 2 milhões. Assim como dizem que a obra (autofinanciada) custa R$ 260 milhões, e ela custa R$ 158 milhões.

ZH – A obra autofinanciada foi recalculada, agora nos padrões do mobiliário da Fifa, e ficou acima dos R$ 200 milhões?
Piffero –
Não. O clube gastará R$ 158 milhões, com a isenção fiscal de 15%. Com a venda das suítes e dos Eucaliptos, já temos R$ 53 milhões. Parte recebido e parte que será recebido em até 36 meses. Já temos um terço dos recursos, isso até dezembro, porque depois pararam com as vendas das suítes.

Aod explicou a diferença básica entre a parceria ou autofinanciamento e falou sobre o papel do Conselho Deliberativo na escolha do modelo. Piffero, por sua vez, negou que a nova gestão tenha pedido o fim das obras e disse que pedirá a criação de uma comissão de especialistas para analisarem os dois projetos a fundo. Confira as entrevistas completas na edição desta quarta de Zero Hora.

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