Há um ano no comando do Criciúma, o presidente Antenor Angeloni não para de investir. Quando assumiu as rédeas da administração do atual campeão do turno recebeu uma série de "pepinos" administrativos e financeiros que incluíam desde o departamento de futebol até o sistema nervoso dos torcedores. Mas neste começo de mês ele tem motivos para comemorar: o clube conquistou o equilíbrio financeiro após passar um ano aos trancos e barrancos.

De acordo com o diretor Financeiro do Criciúma, Deloir Brunelli, houve um empate entre despesas e receita, o que em um ano é considerado prazo curto se for levado em consideração o "estado" que estava o clube até a chegada do empresário. Nesse período, afirma o diretor, houve uma grande economia para que a casa fosse posta em ordem, o que ajudou. Para Antenor Angeloni, a reação foi conjunta, união de forças de seus investimentos e os torcedores.

— Desde que comecei a administrar o Criciúma não parei de investir dinheiro do meu bolso. Cerca de 70% da receita do clube aparece em função da relação minha empresa x clube. Ajudo bastante com o apoio dos meus patrocinadores. Mas ainda busco receita e aguardo um maior número de sócios. Insisto, precisamos de 12 mil — ressalta o presidente Antenor Angeloni.

Atualmente o Criciúma tem R$ 730 mil de despesas correntes - e R$ 730 mil em arrecadação - e uma dívida de R$ 7,3 milhões a pagar, entre aportes feitos pelo presidente e empréstimos com empresário para pagamentos em longo prazo.

— Estamos comemorando o empate porque a partir disso vamos melhorar a receita. Não há mais tanta disparidade. Hoje temos R$ 415 mil de patrocínios, mais R$ 260 mil de mensalidades de 6,5 mil sócios em dia e as cotas de televisão. A meta este ano é atingir 12 mil sócios e elevar essa arrecadação para perto de R$ 1 milhão, além de explorar outros aspectos do clube, como uma loja especializada no clube e licenciamento de produtos — esclarece.

O orçamento estimado para o Criciúma no Campeonato Catarinense e o início da Série B, em maio, é de R$ 1 milhão. Depois, até dezembro, serão necessários R$ 1,5 milhão para manter o clube na competição. Conforme Brunelli, será preciso trabalhar a inadimplência de pouco mais de dois mil sócios, o que prova a dependência do clube pelo seu torcedor.

Diário Catarinense — Satisfeito com a conquista?
Antenor Angeloni — Sim. Respeito o Figueirense e a capacidade deles de fazer futebol, mas ganhamos na inteligência. O Macuglia foi brilhante. Não fui ver o jogo na capital, tive receio porque começamos a montar um time há dois meses. Mas crescemos, fomos gigantes. Me emocionei muito.
 
DC— Qual o balanço desse primeiro ano de administração?
Angeloni — Mexemos em tudo. Apostei num clube desacreditado e não me arrependo, agora estou gostando de provar que posso e sei fazer. O Criciúma é um investimento eterno, sempre vamos injetar dinheiro porque sempre parecem surpresas.
 
DC — E o reflexo disso?
Angeloni — São as pessoas retornando ao clube, confiando em nós e no time, que aos poucos se reestrutura e o clima melhora porque ele cresce. É motivador.
 
DC — Há obras programadas?
Angeloni — Sim. Estamos buscando recursos com o governo estadual e pela Lei Rouanet para reformar o estádio, construir alojamentos no centro de treinamento, reformar o ginásio anexo ao clube e estamos encerrando a colocação de câmeras de monitoramento para podermos disputar a Série B.
 
DC — O que espera do Tigre no returno?
Angeloni — Já temos 50% de chances de vencer o campeonato. Tenho fé que levamos o título. Até lá o time amadurece mais.
 
DC — Estão previstos reforços?
Angeloni — Ninguém quer jogar no Criciúma, mesmo o time estando bem porque os grandes centros são preferidos. Mas queremos mais cinco atletas. Não vamos nos iludir para a Série B. O Nedo Perraro (Diretor de Futebol) escolhe, avalia e eu dou o aval.

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