Esportes | 06/01/2011 20h22min
O caminho para o retorno de Ronaldinho ao Grêmio, 10 anos depois, está consolidado. O último obstáculo que restava, o Milan, foi dobrado por um pedido especial de Assis a Adriano Galliani, o vice-presidente do clube italiano. Mas teve um preço. Além dos R$ 8 milhões, que deverão ser diluídos no contrato de Ronaldinho pelos apoiadores gremistas nos próximos quatro anos (Assis já teria quitado a liberação do craque com o Milan), pela rescisão na Itália, o atacante precisava cumprir mais uma etapa com o seu clube.
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A pedido de Galliani, Ronaldinho deveria participar da coletiva que anunciaria a sua saída do Milan. Uma formalidade, necessária para justificar-se com a torcida na Europa. E Assis não teve como negar o pedido, afinal, dependia da boa vontade do dirigente para liberar Ronaldinho antes de 30 de junho - data final de seu compromisso.
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Às 11h30min, jornalistas já se somavam à entrada do Copacabana Palace, no Rio. Ignorando o sol e o calor, a ideia era uma só: conseguir o credenciamento para o verdadeiro evento que estava sendo arquitetado. Cem jornalistas conseguiram, outros 300 tiveram que se contentar com a sombra das árvores, do lado de fora. Mesmo quem conseguiu a autorização sofreu: a sortuda centena de profissinais cadastrados ficou mais uma hora para entrar na ampla sala de conferência do hotel.
Foto: Fernando Gomes
Enquanto o interior do Copacabana Palace era apenas um objetivo para os jornalistas, a torcida ia se acomodando em torno do hotel, como num dia de Fla-Flu. Mais do que um jogo, era uma festa. Aos jornalistas credenciados era dada uma pulseira laranja, daquelas só vistas por quem se embrenha nas noites cariocas.
No início da tarde, sem pulseira nem credencial, mas repletas de otimismo, cerca de 500 pessoas formavam uma massa compacta e esperançosa, louca para ver Ronaldinho. Destes, cem vestiam as cores do Flamengo e já contavam com um anúncio, de que o meia seria da Gávea. Poucos gremistas foram localizados.
A primeira a ser identificada foi Deisy Wust, que torce por um final feliz para o Grêmio, embora ainda esteja magoada com a saída turbulenta de Ronaldinho em 2001.
Foto: Fernando Gomes
Assim, enquanto a coletiva era montada às pressas pelo Milan (que contratou uma assessoria e locou uma ampla sala de conferências no Copacabana Palace), nesta quinta-feira, no Rio, em Porto Alegre o contrato de Ronaldinho ganhava uma cláusula final (uma exigência de Assis para fechar o negócio), e era colocado à aprovação de advogados de Grêmio e dos Assis Moreira.
Para a alegria de Deisy e dos demais gremistas, não será surpresa se o Grêmio anunciar nesta sexta-feira a contratação do craque - Ronaldinho já poderia passar os próximos dias com o grupo, concentrado no Hotel Deville, como os demais jogadores de Renato.
Foto: Fernando Gomes
Para evitar um constrangimento público de, no Rio, anunciar o retorno ao Olímpico (com pelo menos 500 flamenguistas na porta do hotel esperançosos pela sua contratação), Assis e Ronaldinho precisaram se desdobrar para tangenciar ao máximo as perguntas sobre o Flamengo. Pouco objetiva, a entrevista coletiva, prevista para as 15h, começou bem depois das 16h.
Foto: Fernando Gomes
Entre tantas perguntas e respostas, por pouco os irmãos Assis Moreira não foram traídos pelo entusiasmo de Galliani. O dirigente declarou-se torcedor do Flamengo e disse que gostaria de ver Ronaldinho na Gávea. A afirmação provocou um certo entusiasmo na imprensa local, além de aplausos e um grito de "Galianniiii" de um cinegrafista local, mas, em seguida, o italiano quase que lamentando uma derrota para o Grêmio, disse, antes de escapar do hotel num discreto Corolla preto:
— Mas quem decidirá o seu futuro é Ronaldinho.
E Ronaldinho está acertado com o Grêmio para vestir a camisa 10 outra vez, como no início da carreira.
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