A rodada dos dias 6 e 7 de novembro, do Campeonato Português que terá clássico entre Porto e Benfica, corre o risco de não ser realizada devido a uma greve entre os árbitros do país. Eles dizem estar insatisfeitos com um novo regime de tributação. A Federação Portuguesa manifesta preocupação com a situação, e afirma que torcedores podem entrar em campo para conduzirem as partidas.

– Terão de ser encontrados na torcida e, de acordo com os dois delegados, serão escolhidos três (espectadores) para dirigir os jogos. Esse é um procedimento banal no nível dos (campeonatos) distritais e acontece todos os domingos em dezenas de jogos – explica o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luís Guilherme.

Na esperança de conter a greve, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social divulgou nota oficial dizendo que a maioria dos árbitros não estará incluída no novo regime de contribuição, que é o que tinha causado toda a confusão.

Pela determinação, os árbitros que trabalharem como independentes e acumularem outra profissão dependente ficarão isentos da nova contribuição, "desde que, pelo trabalho dependente, aufiram € 419,22 (R$ 964,2) por mês e se encontrem inscritos em regime obrigatório de segurança social". Outra exceção é feita àqueles que apenas exercem a profissão de maneira independente e não recebam € 2515,32 (cerca de R$ 5,8 mil) por ano.

O ministério ainda ressalta que, dessa forma, não há contribuição mínima, contrário do que alguns representantes da arbitragem portuguesa afirmavam.

Buscando a solução

O vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Ângelo Brou, disse que a entidade já trabalha por uma solução para a questão da greve dos árbitros portugueses. Em um seminário sobre gestão de estádios, Brou falou sobre o assunto e disse que a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) sabe dos esforços da FPF.

– É um assunto que está sendo tratado. Não foi ainda resolvido porque houve uma ligeira oposição por parte da APAF. Todavia, está pronto, desde 2009, um decreto conjunto dos secretários de estado da juventude e esporte e assuntos fiscais. Pode entrar em vigor após a aprovação do orçamento. A APAF sabe disso.

Técnico do Porto manifesta solidariedade

O treinador do Porto, André Villas Boas, disse entender a decisão dos árbitros. Segundo o técnico do líder do Português, os profissionais estão apenas lutando por seus direitos:

– Cabe a eles decidir. Os árbitros querem defender-se de uma situação que se refere à formação dos mais jovens. É uma posição sensível e é perfeitamente legítima.

A rodada terá a realização do clássico do Porto contra o Benfica. Mesmo podendo deixar de disputar um dos maiores clássicos do futebol luso, Villas Boas preferiu não explicitar uma posição sobre o assunto:

– Tenho uma opinião própria, que não vou divulgar porque certamente vai contra a de outras pessoas.