| 29/06/2010 05h59min
Bandeirinhas, roupas e chapéus cor de laranja por toda parte deixam claro, para quem visita a Holanda, que é época de Copa do Mundo — e que a seleção do país tem boas chances de chegar à final. Afinal, a Oranje (Laranja) — como os holandeses chamam sua equipe — ganhou todas as partidas até agora. Mas, apesar do clima de festa, tanto os torcedores quanto a imprensa são implacáveis: o time não está afinado e, no próximo jogo, contra o Brasil, nesta sexta-feira, vai ter de mostrar mais futebol.
O espírito crítico e o jeito comedido — típicos da cultura calvinista — não abandonam o holandês nem no futebol. Durante as partidas, na hora do gol, gritos e animação, uma ou outra vuvuzela perdida, mas 30 segundos depois já se ouvem de novo os passarinhos lá fora. Os rojões e fogos de artifício são proibidos, mas as mil outras formas de fazer barulho e comemorar são deixadas de lado por livre e espontânea vontade.
Quem quer um pouco mais de agito procura os bares e cafés com telões e a indefectível decoração laranja — cor relacionada à família real holandesa, os Oranje Nassau, e que por isso se transformou também na cor nacional, embora a bandeira holandesa seja vermelha, azul e branca. Em comum com o Brasil, a alegria e a comemoração regada a muita cerveja.
Por isso, as cervejarias holandesas também investem pesado em publicidade em época de Copa e têm seu retorno garantido. Este ano, uma das marcas resolveu apostar no público feminino, lançando um minivestido alaranjado como brinde. E se deu bem. As holandesas adoraram, mas o brinde causou polêmica com a Fifa, que proibiu a entrada de garotas com o vestidinho nos estádios da Copa — o que, por sua vez, garantiu à cervejaria ainda mais espaço na mídia.
Antes do início da Copa, os holandeses apostavam na Espanha e no Brasil como favoritos para vencer o torneio. A Holanda aparecia apenas em terceiro lugar. Com a chegada às quartas de final, a confiança na seleção Oranje aumentou, e os torcedores põem fé em uma vitória contra a Seleção de Dunga. Mas não sem um olhar crítico sobre o próprio time.
Logo depois da partida Brasil x Chile, os comentaristas da emissora de TV pública Ned 1, por exemplo, faziam eco à voz das ruas: acham que o jogo contra o Brasil vai ser bonito, mas querem ver a seleção Oranje “mais esperta” em campo. Compararam também Luís Fabiano e Van Persie, destacando que o atacante brasileiro tem tido muito mais presença. Além disso, elogiaram Lúcio e Juan, dizendo que a defesa brasileira está melhor que a holandesa. Mas, em um duelo entre Dirk Kuyt e Maicon, confiam no holandês.
Segundo os comentaristas holandeses, o ponto fraco do Brasil vai estar na lateral esquerda: Arjen Robben contra Michel Bastos — apesar de suas qualidades, o brasileiro deixaria a desejar na defesa. Também alertaram que a Holanda terá que tomar cuidado com o “teatro” dos jogadores do Brasil, citando como exemplo “encenações” de Lúcio e Maicon na partida contra o Chile.
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