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 | 21/06/2010 04h23min

Luís Fabiano nega ao árbitro que usou o braço no lance do gol

Atacante quebrou jejum de gols pela Seleção

Sete minutos depois de Luís Fabiano marcar o segundo gol do Brasil, a televisão mostrou uma cena no mínimo esquisita: o árbitro francês Stephane Lannoy conversava com o atacante, apontando para o braço esquerdo. Luís Fabiano negava, braços abertos: no, no. Sorrindo, Lannoy então leva a mão ao peito e encerra o caso.

Debruçado sobre as imagens e abastecido com os relatos de quem estava no estádio, o comentarista de arbitragem da Rádio Gaúcha Francisco Garcia suspeita: o juiz teria desconfiado da irregularidade baseado na reação da torcida ao replay da jogada no telão.

— Quando a torcida no Soccer City viu a repetição no detalhe e percebeu a irregularidade, começou a vaiar — diz Garcia.

Como o jogo parecia ainda não ter recomeçado, o árbitro poderia tranquilamente anular o gol, explica Garcia. Mas se meteria numa sinuca: a Fifa não permite que o juiz tome decisões baseados no telão. Algo muito semelhante ocorreu em Brasil 4 a 3 Egito, na Copa das Confederações, em 2009, na mesma África do Sul. Depois da gritaria da torcida, que viu a mão do egípcio El Muhamadi em um cruzamento, o quarto árbitro avisou o inglês Howard Webb que havia sido pênalti – convertido por Kaká, dando a vitória ao Brasil.

— Se o Luís Fabiano tivesse confessado, o juiz poderia ter voltado atrás sem problemas. E teria de dar cartão amarelo ao centroavante — afirma Garcia.

Tamanho desprendimento por parte de quem fez um golaço daqueles pode parecer impossível, mas há pelo menos um precedente: o atacante inglês Robbie Fowler, em um clássico Liverpool x Arsenal de 1997. Depois de Fowler enroscar-se com o goleiro David Seaman, dentro da área, o árbitro marcou pênalti. O atacante, no entanto, correu para contestar, dizendo que não havia sido atingido.

Parece incrível, mas a história melhora ainda mais: o juiz não acreditou nele e manteve o pênalti. Fowler pediu para bater, e errou. Sem querer, jura até hoje.

Luís Fabiano não fez nada disso, o juiz tampouco: o gol está lá, anotado. A polêmica deixou o gol até mais fabuloso, disse um sorridente e aliviado centroavante na entrevista coletiva após o jogo.

— Para o gol ficar mais bonito, tinha que ter um toque mais duvidoso. Como o toque foi involuntário, acho que valeu o gol.

Nem aí com polêmicas, Luís Fabiano encerrou um jejum de 452 minutos – seis jogos – sem fazer gols pela Seleção. Da última vez que guardou, foi também em um 3 a 1, sobre a Argentina, pelas Eliminatórias, em Rosario, no ano passado. Ontem, o Fabuloso terminou eleito o melhor em campo pela Fifa. Credencial que até permite ao camisa 9 brasileiro recorrer a um clichê, lembrando um famoso camisa 10 argentino:

— Foi uma mão de Deus.

Mas é um clichê apropriado, de certa forma. Afinal, foi a mão que colocou o Brasil de vez numa Copa cujo grande nome até agora é Maradona.

A mão do juiz

Não é tão raro a Seleção contar com erros da arbitragem em Copas:

Copa de 1962


Brasil 2x1 Espanha (primeira fase)

— No início do segundo tempo, Nilton Santos derrubou o espanhol Collar no limite da grande área. Com um passo a frente que ficou famoso, induziu o árbitro chileno Sérgio Bustamante a marcar falta ao invés de pênalti. Na cobrança, a bola foi cruzada na área e Peiró marcou, de bicicleta. Bustamante anulou o gol, erroneamente, alegando jogo perigoso.

Copa de 1986

Brasil 1x0 Espanha (primeira fase)

— Aos 7 minutos do primeiro tempo, quando o jogo ainda estava 0 a 0, o espanhol Michel bateu de fora da área, a bola pegou no travessão e dentro do gol. Mas o juiz australiano Christopher Bambridge e seu auxiliar, o holandês Jan Keizer, não validaram o lance.

Copa de 2002

Brasil 2x1 Turquia (primeira fase)

— Era a estreia do Brasil, e o jogo estava empatado em 1 a 1. Faltando poucos minutos para o final, Luizão arranca ao ataque e é seguro por Alpay na meia-lua. O sul-coreano Kim Young Joo expulsou o jogador turco e marcou pênalti para a Seleção, convertido por Rivaldo.

Brasil 2x0 Bélgica (oitavas de final)

— Primeiro tempo, 35 minutos, 0 a 0. Wilmots recebe cruzamento, sobe mais alto que a zaga brasileira e cabeceia para o gol. O árbitro jamaicano Peter Prendergast viu o que nenhum replay confirmou: falta do belga no zagueiro Roque Júnior.

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