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 | 15/02/2008 19h54min

Paraguai decreta estado de emergência para evitar epidemia de febre amarela

Brasil enviará 100 mil doses da vacina ao país vizinho

O risco de uma epidemia de febre amarela no Paraguai, doença que não era registrada no país há 34 anos, motivou hoje a declaração de estado de emergência nacional por parte do governo, que pediu ajuda internacional para suprir a falta de vacinas disponíveis.

— Estou pedindo vacinas. Em toda a região está faltando, pois é uma doença para a qual se acreditava que já não era necessária uma vacinação sistemática — afirmou o presidente Nicanor Duarte, em um ato público pouco antes de decretar a medida, que durará 90 dias.

As autoridades confirmaram hoje que a doença se propagou com três casos altamente suspeitos na cidade de Luque, onde está o aeroporto internacional Silvio Pettirossi. Estes casos se somam aos dos três doentes com sintomas confirmados hoje em San Lorenzo, um dos populosos municípios que rodeiam Assunção, onde na semana passada um jovem de 25 anos faleceu por causa da doença.

Em J. Augusto Saldívar, comunidade situada cerca de 30 quilômetros ao sul da capital, foram reportados outros dois casos de pessoas com sintomas da doença, cujo vírus é transmitido pela picada de um mosquito Aedes aegypti, que nas cidades é o mesmo que propaga a dengue.

Um camponês de 25 anos faleceu em 1º de fevereiro em um hospital de Assunção, depois de ser transferido de um povoado do departamento de San Pedro, no centro do país, a primeira região onde a doença foi reportada e na qual se confirmaram pelo menos cinco casos.

O decreto permite ao Governo solicitar ajuda internacional para o envio de vacinas, já que o país está quase sem reservas, em meio ao alarme dos habitantes de Assunção e de cidades limítrofes, que lotam há dias os centros de saúde da região. No entanto, as autoridades sanitárias pediram paciência à população, e reiteraram que as vacinas pedidas de forma urgente por Duarte aos governos de países como Brasil, Argentina, Cuba, Equador, Venezuela e Taiwan, só serão utilizadas para uma "imunização estratégica".

O governante explicou que as autoridades argentinas não estão em condições de oferecer ajuda, já que também solicitaram colaboração do Brasil, que nas próximas horas completará o envio das 100 mil doses prometidas ao Paraguai.

Por sua parte, o ministro da Saúde Oscar Martinez assinalou que nos próximos dias chegarão ao país 144 mil doses, incluindo parte de uma verba de 200 mil oferecida pelo Governo peruano, assim como especialistas da Organização Pan-americana da Saúde (OPS) para avaliar a situação.

Este organismo prometeu um total de 600 mil doses, mas os primeiros carregamentos chegarão a partir de março, segundo o ministro, cuja renúncia foi exigida por um setor da oposição, pelo desabastecimento do estoque de vacinas.

Em meio à psicose coletiva e às longas filas nos centros públicos de saúde, as autoridades sanitárias afirmaram que é impossível reunir de uma vez todas as vacinas necessárias para imunizar os seis milhões de habitantes do país. O ex-ministro da Saúde Julio César Velázquez, membro de um conselho assessor formado para encontrar soluções para a crise, e que ontem recomendou a declaração do estado de emergência, lembrou que, em 2006, cerca de 1,2 milhão de paraguaios se vacinaram contra a febre amarela, e por isso estão imunizados por 10 anos.

Desde a aparição do mal, se sucedem os protestos nas portas de hospitais, pois as vacinas acabam em poucas horas. Mediante esta situação, centenas de residentes da capital e de seus arredores optaram por buscar a imunização na cidade fronteiriça de Clorinda, na província argentina de Formosa.

Centenas de habitantes de um bairro de San Lorenzo onde foi identificado o foco chegaram mais longe, e hoje bloquearam a avenida que une esse distrito com Luque, em protesto contra a falta de vacinas. Os epidemiologistas paraguaios concordaram que é difícil diagnosticar com rapidez a doença, já que para isso são necessários vários testes de laboratório, e também porque seus sintomas em princípio são similares aos da dengue, doença que infectou 27 mil pessoas no país no início do ano passado, causando 17 mortes.

Além disso, os especialistas afirmam que o combate à propagação da doença está intimamente relacionado com a limpeza e as condições de salubridade das cidades e das residências.

— Se não eliminarmos os focos (do mosquito), as vacinas não vão ser eficazes, pois a transmissão vai continuar ocorrendo — disse o doutor Julio Manzur, alto funcionário do Ministério da Saúde.

 

 



 

EFE
 
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